BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer voltou a defender nesta quarta-feira a necessidade da reforma da Previdência, ao mesmo tempo que admitiu que o Congresso pode fazer "uma ou outra adaptação" ao texto encaminhado ao Legislativo.
Em um dia em que centrais sindicais realizam protestos em várias grandes cidades do país contra a reforma da Previdência, Temer também negou que a ideia da reforma seja retirar direitos dos trabalhadores.
"Em primeiro lugar, não vai tirar direitos de ninguém... mas é prevenir o Brasil do futuro", disse Temer em evento sobre micro e pequenas empresas, em Brasília.
O presidente citou a crise financeira que atinge os Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais para reforçar o que a reforma da Previdência pretende evitar mais à frente e falou também das medidas que outros países tiveram que adotar porque adiaram as mudanças.
"Nós não queremos que o Brasil tenha que fazer o que fez Portugal, ou seja, cortar salários dos da ativa e dos aposentados, ao mesmo tempo em que elevava a idade mínima para 66 anos, por exemplo, eliminando o 13º salário, nós não queremos chegar a esse ponto", continuou o presidente.
"Ou fazemos uma reformulação da Previdência agora --é claro, poderá haver uma ou outra adaptação, o Congresso está cuidando disso-- mas não podemos fazer uma coisa modestíssima agora para daqui quatro, cinco anos termos que fazer como Portugal, Espanha, Grécia e outros países, que tiveram que fazer um corte muito maior porque não preveniram o futuro."
Temer fez os comentários em um dia de protestos de centrais sindicais contra a proposta de reforma da Previdência em todo o país, que inclui paralisações dos transportes públicos em cidades como São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte e o fechamento de agências bançarias em capitais como a paulista e a fluminense. [nL2N1GS1BO]
Entre os pontos mais criticados da proposta de reforma estão a idade mínima de 65 anos para se aposentar, a necessidade de se contribuir 49 anos para obter o benefício integral e o estabelecimento de um período mínimo de 25 anos de contribuição para se aposentar.
Também nesta quarta-feira, a juíza Marciane Bonzanin, da 1ª Vara Federal de Porto Alegre, determinou a suspensão imediata, em todo o país, da campanha promovida pelo governo federal sobre a reforma da Previdência, estipulando multa diária no valor de 100 mil reais em caso de descumprimento.
"Após analisar uma série de anúncios veiculados em redes de televisão, jornais, mídia externa e internet, a magistrada entendeu que há uso inadequado de recursos públicos e desvio de finalidade", afirma nota no site da Justiça.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Reportagem adicional de Alexandre Caverni, em São Paulo)