(Reuters) - O presidente Michel Temer exonerou quatro ministros nesta quarta-feira para votarem pela reforma da Previdência, três pela manhã e, no início da noite, com a votação da reforma trabalhista já em andamento, adicionou à lista Ronaldo Nogueira, ministro do Trabalho.
A exoneração dos ministros Bruno Araújo (Cidades), Mendonça Filho (Educação) e Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia) foi decidida na noite de terça-feira e publicada no Diário Oficial da União desta quarta.
A votação está sendo vista pelo Planalto como uma prévia para a reforma da Previdência, que deverá entrar em pauta no plenário na segunda semana de maio. "O governo sabe que precisa de um número expressivo", disse uma fonte.
Um resultado muito abaixo de 308 -o necessário para aprovar a emenda à constituição da Previdência- mesmo sendo suficiente para a trabalhista, que precisa de apenas 257 votos, seria um mau sinal para o governo. "Dá para recuperar depois, mas sabemos que a imagem que fica não é boa", avaliou a fonte.
O presidente Michel Temer limpou sua agenda durante a tarde desta quarta-feira para manter as negociações até o último minuto. Apesar do clima "otimista, mesmo que cauteloso" no Planalto, auxiliares do presidente evitavam apostar em um placar. "Se dizermos 310 e sai 298, mesmo não sendo ruim, vai parecer pior do que é", disse a fonte.
Inicialmente o governo previa exonerar ministros com mandado de deputado federal apenas para a votação da reforma da Previdência para reforçar o empenho na aprovação da matéria, mas a estratégia também acabou sendo adotada para a reforma trabalhista.
Coelho Filho é do PSB, partido da base do governo que está rachado depois que a Executiva fechou questão contra as reformas trabalhista e da Previdência. Bruno Araújo é do PSDB, Mendonça Filho do DEM e Ronaldo Nogueira, do PTB. A exoneração dos quatro estava sendo vista como uma "precaução".
O projeto, que tem como um dos principais pontos a prevalência de negociações sobre a legislação vigente, foi aprovado na terça-feira em comissão especial da Câmara e seguiu direto para o plenário, apesar de emendas ao projeto não terem sido analisadas.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro e Lisandra Paraguassu, em Brasília)