Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Em um ato político sem a presença de grandes lideranças de outros partidos, o presidente Michel Temer recebeu nesta terça-feira o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no MDB, mas, apesar dos rasgados elogios de parte a parte, os dois adotaram cautela sobre quem será o candidato do partido ao Palácio do Planalto em outubro.
Em pronunciamento e em rápida entrevista coletiva, Meirelles fez questão de exaltar a política econômica do governo e defendeu a continuidade do MDB na gestão federal como forma de ampliar as conquistas para os brasileiros.
O ministro da Fazenda esquivou-se de falar se será o cabeça de chapa na corrida ao Planalto pelo partido, no momento em que o próprio Temer já declarou publicamente que pode concorrer à reeleição. Disse apenas que a definição não está em discussão no momento, uma vez que isso só vai ocorrer nas convenções partidárias, previstas para agosto.
"Tenho um projeto de candidatura a presidente", admitiu Meirelles, para emendar logo em seguida. "Agora, entrando no partido, vamos discutir os próximos passos e, evidentemente, qual é a melhor composição partidária visando a evitar que o Brasil volte a ter políticas populistas e políticas que levaram ao Brasil à maior recessão da história", completou.
O ministro também não quis falar sobre o fato de ele deixar a Fazenda sem a garantia de que vai concorrer a presidente. Ele disse que nos próximos meses haverá repercussão nos "índices eleitorais" do governo das medidas tomadas para melhorar a economia, o que vai gerar uma sensação de bem-estar na população.
No início da sua fala na cerimônia de filiação do ministro ao MDB, Temer afirmou que Meirelles está "habilitado" a ocupar qualquer cargo no país. Disse também que ele está trabalhando na formulação de uma Ponte para o Futuro 2, espécie de continuidade do programa de governo que o MDB lançou antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
O presidente também exaltou o retorno de Meirelles ao MDB, partido ao qual já foi filiado, ao considerar que ele incorporou as ideias da legenda.
"Sua presença será saudada por aqueles que estão aqui, fora daqui e, certa e seguramente, depois, por todos os brasileiros", afirmou.
Ao som de um potencial jingle de campanha --"M de Michel, M de Meirelles, M de MDB"--, o evento contou apenas com a presença de poucas lideranças emedebistas.
À exceção de ministros filiados à legenda e do núcleo palaciano do partido, participaram do ato apenas o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE) e alguns parlamentares da sigla.
O único anunciado de outro partido presente foi o líder do PR da Câmara, José Rocha (BA).
TROCA NA FAZENDA
Meirelles não quis dizer quando vai deixar o comando da Fazenda, falando apenas que deve ficar no cargo até sexta-feira. Esse é o último dia útil para que ocupantes de funções no Executivo deixem seus postos para se candidatarem em outubro.
Ele também não quis dizer se o secretário-executivo da pasta, Eduardo Guardia, será alçado ao comando do ministério. Temer, quando foi perguntado sobre isso, pediu para questionar Meirelles.