👀 Não perca! As ações MAIS baratas para investir agoraVeja as ações baratas

Tirem as mãos do nióbio do Brasil: Bolsonaro vê China como ameaça à visão utópica

Publicado 25.10.2018, 16:14
© Reuters. Candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro

Por Jake Spring

CATALÃO, Goiás (Reuters) - O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), candidato da direita favorito para vencer as eleições de domingo no Brasil, tem uma visão para a economia de seu país: o nióbio.

Esse mineral é usado como um aditivo ao aço para tornar o metal mais forte e mais leve. A demanda pelo nióbio está em alta por montadoras, empresas aeroespaciais e uma série de outras indústrias.

O Brasil responde por cerca de 85 por cento da produção mundial. E Bolsonaro quer que continue assim.

A compra realizada pela China há dois anos de uma pequena mina brasileira de nióbio tem levado o candidato a se mexer para bloquear a aquisição de ativos considerados estratégicos por outras empresas estrangeiras.

Bolsonaro tem tanto apreço pelo nióbio --e pelo potencial do Brasil em capitalizar sua produção-- que produziu um vídeo no YouTube de 20 minutos divulgando suas virtudes.

Filmado em uma mina brasileira de nióbio em 2016, quando o deputado pelo PSL já planejava concorrer à Presidência da República, o vídeo apresenta a visão econômica utópica de Bolsonaro para sua nação, alimentada pelo obscuro mineral.

"Fala-se muito em Vale do Silício no mundo, né? No caso, fica nos Estados Unidos. E eu sonho, quem sabe um dia, termos também o Vale do Nióbio."

(Para visualizar o vídeo de Bolsonaro sobre nióbio, acesse: https://youtu.be/bMR6ZxP2T0M https://youtu.be/bMR6ZxP2T0M) )

Mark Zuckerberg provavelmente não está perdendo o sono ainda. Mas o vídeo oferece uma valiosa ideia sobre a perspectiva de Bolsonaro para o enriquecimento das nações.

A ditadura militar de 1964 a 1985 no Brasil procurou proteger os recursos naturais estratégicos, como petróleo e minerais, de interesses estrangeiros, favorecendo as empresas estatais a explorá-los.

Bolsonaro, capitão da reserva do Exército e fervoroso admirador do regime militar, há muito segue essa visão. Ele abraçou recentemente a economia de livre mercado em sua gestão caso se torne presidente. Mas o vídeo ressalta o quão difícil será para ele mudar de ideia em pontos como o nacionalismo relacionado a recursos naturais.

Filmado no Sudeste do Brasil em uma mina de propriedade da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, uma empresa brasileira de capital fechado conhecida como CBMM, Bolsonaro se maravilhou com as riquezas derivadas dos depósitos minerais.

Da mesma forma, elogiou os empregos bem remunerados, a pré-escola particular e outras comodidades que a CBMM fornece aos seus trabalhadores.

Se o país adotasse o estilo de desenvolvimento da CBMM e se concentrasse em criar "aplicações futuras" para o mineral, em vez de apenas exportá-lo, Bolsonaro raciocinou em seu discurso no YouTube, então o Brasil estaria no banco do motorista.

Assim, ele ficou indignado quando, naquele mesmo ano, a China Molybdenum (CMOC) comprou uma mina de nióbio a apenas 200 quilômetros da fábrica da CBMM.

Além disso, a própria CBMM é detida em 15 por cento por um consórcio de cinco empresas chinesas: a Baoshan Iron & Steel (Baosteel), o Grupo CITIC, o Anshan Iron & Steel Group, a Shougang Corp e o Taiyuan Iron & Steel Group.

Acredita-se que Bolsonaro seja o primeiro candidato à Presidência a fazer do nióbio uma questão de campanha. Em uma entrevista televisionada nacionalmente em agosto, ele criticou a compra feita pela CMOC.

"Uma coisa só nós temos, nós devemos investir em tecnologia e pesquisa... (mas) vendemos e entregamos a mina a eles."

A UTOPIA ENCONTRA A REALIDADE

Especialistas em mineração dizem que os temores de Bolsonaro sobre nióbio são exagerados.

Para começar, os depósitos do Brasil não estão sob ameaça. A mina da CMOC no país responde por apenas 10 por cento do mercado global, segundo Hugo Nadler, executivo que deixou a empresa no início deste ano.

Isso deixa a maior parte --cerca de 75 por cento-- firmemente nas mãos da CBMM. A companhia é a única que vende em todos os segmentos de mercado de nióbio, disse a empresa em comunicado à Reuters, incluindo produtos de alto valor agregado usados ​​em aviões e supercondutores.

E enquanto as chinesas possuem cerca de um sexto da empresa, sua tecnologia não é compartilhada com os acionistas minoritários, disse a CBMM, controlada pelo Grupo Moreira Salles.

A CBMM afirmou que há muito potencial para expandir o uso de nióbio em aplicações como baterias automotivas e eletrocerâmica.

Mas mesmo que o mercado de nióbio cresça, é improvável que tenha muito impacto em uma economia do tamanho do Brasil, disse Nadler, o ex-executivo do CMOC.

"A mineração representa 5 por cento do PIB, se você pegar a porção que é o nióbio, não é nada", disse ele.

© Reuters. Candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro

Bolsonaro continua crente.

Segurando um pedaço de nióbio na mão direita e apontando para a câmera em seu vídeo, ele declarou: "Isso pode nos dar uma independência econômica".

(Por Jake Spring)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.