BRASÍLIA (Reuters) -Uma ação conjunta da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal prendeu nesta quinta-feira os dois detentos que haviam fugido em fevereiro do presídio federal de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, informou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
Segundo o ministro, os fugitivos Rogério Mendonça e Deibson Nascimento foram presos em uma ponte de uma rodovia federal perto de Marabá, no interior do Pará, a 1.600 km do local da fuga, e tinham a intenção de deixar o país.
"Os dois fugitivos estavam em um verdadeiro comboio do crime. Três carros foram apreendidos, com vários celulares, um fuzil, que é uma arma extremamente letal, e nessa operação foram presos não só os dois fugitivos, mas também quatro comparsas que se encontravam nos demais veículos", relatou o ministro, acrescentando que desde o início das operações de recaptura foram presas 14 pessoas no total por envolvimento na fuga.
"Foi uma operação extremamente bem sucedida, porque não foi disparado um tiro, não houve feridos, não houve mortos, seja da parte da polícia, da parte dos criminosos, ou da população em geral", acrescentou Lewandowski, que relatou ter recebido um telefonema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizando pela recaptura.
A fuga do presídio em 14 de fevereiro -- a primeira de uma penitenciária federal de segurança máxima desde que esse modelo foi inaugurado em 2006 -- ocorreu poucos dias após Lewandowski assumir o comando da pasta da Justiça e Segurança Pública, pressionando o novo ministro por resultados logo nos primeiros dias de trabalho.
Para Lewandowski, que é ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o êxito da operação deve-se ao trabalho de inteligência, reforçado após as forças de segurança constatarem que os detentos já não se encontravam nas proximidades da penitenciária.
"Foi um trabalho puramente de inteligência", disse o ministro.
Segundo ele, os dois fugitivos voltarão para o presídio de Mossoró, que passou por aperfeiçoamentos para evitar novas fugas. Eles ficarão separados e haverá vistorias diárias. Ainda de acordo com o chefe da Justiça, as investigações em curso terão continuidade para apurar que organização criminosa atuou para ajudá-los na fuga.
O local da prisão demonstra, para Lewandowski, que eles "obviamente foram coadjuvados por criminosos externos e tiveram, portanto, auxílio de seus comparsas das organizações criminosas às quais pertenciam".
Mais cedo, antes do pronunciamento de Lewandowski, o Ministério da Justiça e Segurança Pública havia publicado uma nota comunicando a prisão dos penitenciários. Na ocasião, uma fonte da PF afirmou à Reuters que os fugitivos buscavam uma rota para fugir do Brasil.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, explicou que os dois já estavam sendo monitorados e as equipes envolvidas na recaptura estavam apenas aguardando a melhor oportunidade para a abordagem.
Segundo ele, houve um "esboço de reação" de um dos criminosos, que portava ostensivamente um fuzil, mas a operação acabou ocorrendo sem nenhum "dano colateral".
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Ricardo BritoEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)