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Irã “está pronto para se defender”, diz embaixador

Publicado 02.11.2023, 06:00
Atualizado 02.11.2023, 22:33
© Reuters.  Irã “está pronto para se defender”, diz embaixador

O embaixador do Irã no Brasil, Hossein Gharibi, disse em entrevista ao Poder360 na 3ª feira (31.out.2023) que o país “está pronto para se defender em caso de qualquer agressão”. Ele não especificou o que isso seria. “Há definições claras de atos de agressão no direito internacional. Eu me refiro a definições convencionais”, disse.

O conflitou no Oriente Médio se agravou desde 7 de outubro, quando o grupo palestino Hamas atacou Israel. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou as ações do Hamas de “ataques terroristas”. Gharibi disse que “a luta de um povo sob ocupação não pode ser rotulada de terrorismo”. Mas evitou confrontar a declaração de Lula. “Eu só expliquei o que a lei internacional e a literatura relevante, incluindo a das Nações Unidas, dizem sobre situações de povos sob ocupação”, afirmou.

Na avaliação do diplomata, o que o Hamas fez foi um ato de defesa dos palestinos sob ocupação de Israel, a quem se refere só como “regime sionista”.

Ele disse que a defesa dos direitos dos palestinos cresceu entre a população árabe e de outros países muçulmanos, como o Irã. “São pessoas prontas para entrar em qualquer tipo de campanha para ajudar os palestinos”. Não especificou o que seriam essas possíveis campanhas.

A entrada de outros países no conflito, segundo Gharibi, “depende das decisões do regime sionista”.

Não há hipótese de o Irã reconhecer Israel como Estado. A proposta dos iranianos é que judeus, muçulmanos e cristãos dividam espaço na Palestina.

A seguir, a íntegra da entrevista realizada por escrito e das respostas de Gharibi:

Poder360 – Os eventos desde 7 de outubro aumentaram ou diminuíram as perspectivas de paz no Oriente Médio?

Hossein Gharibi – Desde a ocupação dos territórios palestinos, não há perspectivas de paz na região. Não há um único dia sem notícias de expansão de assentamentos ilegais, restrições violentas a palestinos e supressão de qualquer voz contrária à ocupação. Quem acompanha a trágica história da Palestina sabe que tudo começou há 75 anos e continuará assim a menos que a ocupação e a opressão terminem.

Lula chamou os atos do Hamas em 7 de outubro de “ataques terroristas”. Qual sua avaliação sobre essa declaração?

Há um princípio amplamente aceito de que a luta de um povo sob ocupação não pode ser rotulada de terrorismo. Ao longo da história, muitas nações combateram para expulsar forças de ocupação de seu território e ganhar liberdade. Se for para chamar essas pessoas de terroristas, a história terá que ser reescrita. Palestinos estão sob todo o tipo de pressões violentas e desumanas que se pode imaginar: casas, escolas, mesquitas e hospitais sendo demolidos; civis, incluindo grande número de mulheres e crianças, sendo mortos e feridos constantemente; nenhum direito a autodeterminação; nenhuma esperança de um futuro melhor livre de ocupação; bloqueio total; refugiados; e muitos tipos de opressão. Até mesmo oliveiras de camponeses pobres são arrancadas do solo e destruídas. Ser (BVMF:SEER3) contra esses crimes é legítimo sob qualquer lógica.

Lula ter usado o termo “terroristas” referindo-se aos ataques do Hamas foi um erro?

Eu só expliquei o que a lei internacional e a literatura relevante, incluindo a das Nações Unidas, dizem sobre situações de povos sob ocupação.

O Irã aceitaria um acordo entre palestinos e Israel com reconhecimento mútuo da existência de 2 Estados?

O Irã não está em uma posição de decidir pelos palestinos. O que cada apoiador da causa palestina quer na realidade é a autodeterminação dos palestinos vivendo em sua terra com dignidade.

O Irã reconheceria Israel como Estado no caso de Israel reconhecer a Palestina como Estado?

Enquanto a população de Gaza está sendo assassinada a cada minuto, submetida a um genocídio, essa pergunta parece hipotética. Nós já apresentamos oficialmente uma solução ideal para a Palestina, com judeus, muçulmanos e cristão vivendo juntos pacificamente.

Os atos de do Hamas em 7 de outubro e o fato de o grupo manter reféns resultou em perda de solidariedade para os palestinos?

O que estamos vendo é algo sem precedentes na história, com apoio aos palestinos na região e fora dela. São pessoas prontas para entrar em qualquer tipo de campanha para ajudar os palestinos. Ninguém aceita a ocupação nem ver os legítimos habitantes da Palestina como prisioneiros, sem nenhum direito fundamental. Ninguém aceita o apartheid. Ninguém aceita o genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade por parte de forças de ocupação.

Há possibilidade de outros países entrarem no conflito?

Eu não posso prever isso. Depende das decisões do regime sionista de ampliar a violência contra palestinos oprimidos e contra outras [pessoas] na região.

Há possibilidade de o Irã entrar no conflito?

Os palestinos sabem melhor como se defender e libertar o seu país. Sem dúvida o Irã está pronto para se defender em caso de qualquer agressão.

O que o Irã consideraria um ato de agressão?

Há definições claras de atos de agressão no direito internacional. Eu me refiro a definições convencionais.

Israel estava se aproximando de países árabes, como a Arábia Saudita, antes do atual conflito. O senhor acha que isso era negativo ou positivo? Acha que é algo que poderá ser retomado?

O que nós ouvimos constantemente é que a causa palestina é de alta importância para qualquer um na região. Nada pode afetar esse objetivo de unidade. Alguns países já haviam estabelecido relações com esse regime [Israel], mas isso não afetou a posição deles quanto ao povo palestino. A ocupação não é e não será um fato consumado. A paz ampla, real, é possível de ser alcançada quando o povo palestino ganhar de volta a autodeterminação.

As relações com o governo Lula são melhores do que eram com o de Jair Bolsonaro (PL)?

Sempre digo que nossas relações vão além da política nos 2 países. Temos interesses que servem a ambos os países. Além disso, há muitas oportunidades de que precisamos nos dar conta para trabalhar por benefícios mútuos. Nós admiramos os planos políticos e de desenvolvimento do presidente Lula para aprimorar a posição do Brasil como economia emergente. O Irã tem se mostrado um parceiro confiável. O Irã agora integra o Brics. Isso nos dá uma plataforma ampliada para trabalhar com todos os integrantes do Brics, incluindo, claro, o Brasil.

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