Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
(Reuters) - O PSB oficializou nesta sexta-feira a indicação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin para compor a chapa como vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para concorrer à Presidência da República.
O ato formal, que já vinha se anunciando há alguns meses, aconteceu em uma reunião em São Paulo entre a direção dos dois partidos e os candidatos. A formalização da chapa deve ser aprovada na semana que vem, na reunião do diretório do PT.
"Quero somar meus esforços ao presidente Lula e a todos para recuperar renda, emprego e a população ter dias melhores", disse Alckmin depois da reunião entre os dois partidos.
Lula, que defendeu arduamente dentro do PT o nome do ex-governador, mesmo com a resistência de uma parte minoritária do partido, disse que a experiência de Alckmin irá se somar à sua própria.
"O selamento deste acordo com Alckmin é uma demonstração de esforço para construir o melhor da política brasileira para que a gente possa ganhar as eleições de 2022", disse. "Nós vamos precisar da minha experiência e da experiência do Alckmin para reconstruir o país, conversando com toda a sociedade brasileira."
A negociação para que Alckmin viesse a ser vice de Lula começou no final de 2021, ainda com o ex-governador filiado ao PSDB, em um movimento que surpreendeu muita gente, em todos os espectros políticos. Já estava decidido, no entanto, que ele deixaria o partido logo depois das prévias que escolheram João Doria como candidato tucano a Presidência.
Até o mês passado, Lula tentou que o PSB, que acolheu Alckmin, formasse uma federação com o PT. As negociações não andaram, mas os dois partidos fecharam a coligação para colocar Alckmin como vice de Lula.
Na reunião desta sexta, o PSB entregou a Lula uma carta de intenções, em que apresenta Alckmin como candidato a vice-presidente, aponta Lula como único candidato capaz de articular uma aliança mais ampla, e pede espaço na formulação do programa de governo.
"É fundamental observar que esta proposição não se limita apenas ao aspecto eleitoral e envolve uma dimensão programática, visto que a composição de uma frente ampla exige a formulação de um programa que corresponda às expectativas das forças que compõem", diz o texto do partido. "O PSB deseja contribuir na tarefa programática inerente à formação de uma frente ampla de forma produtiva e efetiva."
Em seu discurso, Lula respondeu aos socialistas.
"Na hora que for selada a aliança com Alckmin, vocês do PSB vão participar do programa de governo, da montagem de governo e, antes disso, de como ganhar as eleições", disse.
Na próxima semana, o PT vai formalizar o aceite de Alckmin como candidato a vice, uma etapa necessária para a campanha. O registro mesmo acontece apenas em julho, depois da realização das convenções partidárias.
Já o lançamento da pré-candidatura de ambos está marcada para o dia 30 de abril e deverá ser em um local fechado, ao contrário do que gostaria Lula, para não caracterizar um comício --o que poderia levar o partido a ser punido pela lei eleitoral. O mais provável, nesse momento, é o centro de convenções do Anhembi, em São Paulo.
Mas, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, no dia 1º de maio, Lula prevê participar do ato das centrais sindicais para comemorar o Dia do Trabalhador, no Anhangabaú. Por não ser organizado pelo PT, o evento não se enquadra na lei eleitoral.