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Lula espera que acordo "equilibrado" entre UE e Mercosul seja obtido neste ano

Publicado 17.07.2023, 07:44
© Reuters. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Bruxelas
17/07/2023 REUTERS/Yves Herman

(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que espera que o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul seja concluído este ano, e afirmou que as negociações devem ser baseadas na confiança mútua e não em "ameaças", ao discursar em Bruxelas durante viagem para cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a UE.

"Um acordo entre Mercosul e União Europeia equilibrado, que pretendemos concluir ainda este ano, abrirá novos horizontes. Queremos um acordo que preserve a capacidade das partes de responder aos desafios presentes e futuros", disse Lula em discurso durante a sessão de abertura do fórum empresarial União Europeia-América Latina na cidade belga.

Ao mesmo tempo, Lula voltou a apontar as compras governamentais, tema que os europeus querem incluir em um eventual acordo, como estratégicas para os países sul-americanos.

"As compras governamentais são um instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar nossa política industrial. Estados Unidos e União Europeia saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional", afirmou.

Lula também fez questão de dizer que o Brasil cumprirá seus compromissos ambientais no combate às mudanças climáticas. A fala vem depois da UE enviar ao Mercosul uma carta adicional sobre as negociações comerciais cobrando o cumprimento de metas assumidas no âmbito do Acordo de Paris sobre o clima, que Lula classificou de "inaceitável" e de uma "ameaça" do bloco europeu ao Brasil.

"O Brasil, todo mundo sabe, vai cumprir com sua parte na questão do clima. Nós temos um compromisso com o desmatamento zero na Amazônia até 2030. Esse é um compromisso assumindo antes, durante e depois de uma campanha política", disse Lula.

"É um compromisso, eu diria, quase que de fé, não apenas meu, mas do povo brasileiro. Queremos nesse debate fazer com que a União Europeia compreenda a necessidade de que existe na Amazônia sul-americana 50 milhões de habitantes que precisam ter condições de sobrevivência digna e decente", acrescentou.

Mais tarde, em discurso na sessão de abertura da cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a UE, Lula voltou a colocar a conclusão do acordo Mecosul-UE como prioridade, ao mesmo tempo que cobrou que ele seja baseado em confiança mútua. O presidente também voltou a defender a necessidade de manter os Estados com autonomia no setor de compras governamentais.

"Queremos assegurar uma relação comercial justa, sustentável e inclusiva. A conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia é uma prioridade e deve estar baseada na confiança mútua e não em ameaças", afirmou, sem mencionar diretamente a carta adicional enviada pelo bloco europeu.

"A defesa de valores ambientais, que todos compartilhamos, não pode ser desculpa para o protecionismo. O poder de compra do Estado é uma ferramenta essencial para os investimentos em saúde, educação e inovação. Sua manutenção é condição para industrialização verde que queremos implementar."

"MAIS RÁPIDO POSSÍVEL"

Também nesta segunda, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von de Leyen, disse ao se reunir com Lula em Bruxelas, que o bloco europeu espera concluir o acordo comercial com o Mercosul -- formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai -- "o mais rápido possível".

© Reuters. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Bruxelas
17/07/2023 REUTERS/Yves Herman

"Nossa ambição é resolver quaisquer diferenças remanescentes o mais rápido possível", disse Von der Leyen.

Na mesma linha, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou que pretende alcançar um acordo comercial entre os dois blocos no segundo semestre deste ano. A Espanha ocupa atualmente a presidência rotativa da UE, assim como o Brasil é o atual presidente temporário do Mercosul.

(Reportagem de Catarina Demony, em Lisboa; reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)

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