Os venezuelanos saíram às ruas na 2ª feira (29.jul.2024) para protestar contra a contestada reeleição do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda). Imagens de panelaços, ruas e estações policiais incendiadas, e manifestantes machucados e mortos estão sendo compartilhadas em aplicativos de mensagens e nas redes sociais.
As manifestações foram iniciadas depois que o CNE (Colégio Nacional Eleitoral) declarou a vitória de Maduro, com 51% dos votos. Seu maior opositor, Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita), teria recebido 44% dos votos, segundo a autoridade eleitoral venezuelana.
O Observatório de Conflitos da Venezuela registrou 187 protestos em 20 Estados do país até às 18h locais (19h em Brasília) de 2ª feira (29.jul). Também relatou forte repressão de grupos paramilitares e forças de segurança.
“Exigimos que as autoridades venezuelanas garantam o direito à manifestação e expressão pacífica de todas as pessoas. Instamos também a população a exercer os seus direitos de forma pacífica”, apelou nas redes sociais.
Os números de mortos e feridos divergem. Até a publicação deste texto, não foram divulgados dados oficiais.
O QUE DIZ A OPOSIÇÃO
Liderada por María Corina Machado, impedida de concorrer, a oposição afirma que os 73% dos votos apurados a que teve acesso mostram González Urrutia com mais do que o dobro dos votos de Maduro.
Pesquisadores independentes também lançaram dúvidas sobre os resultados e pediram verificação da contagem. Diversos países da região, como o Chile, a Argentina e o Peru, não reconheceram a vitória do chavismo.
A OEA (Organização dos Estados Americanos) disse que se reunirá na 4ª feira (31.jul), em Washington, para discutir o resultado do processo eleitoral na Venezuela.
Enquanto isso, novas manifestações estão programados. No X, Machado convocou o povo venezuelano a sair às ruas nesta 3ª feira (30.jul). O protesto será iniciado em frente ao prédio da ONU (Organização das Nações Unidas), em Caracas.
“Queridos venezuelanos, amanhã nos reuniremos; como uma família, organizados, demonstrando a determinação que temos de fazer cada voto valer e defender a verdade”, escreveu a líder da oposição no X.
O QUE DIZ MADURO
Em transmissão ao vivo do palácio presidencial, na 2ª feira (29.jul), Maduro disse que as forças de segurança agiam contra “manifestantes violentos”. As cúpulas das Forças Armadas apoiam o presidente.
“Temos acompanhado todos os atos de violência promovidos pela extrema-direita”, declarou Maduro. “Já vimos esse filme. Então, mais uma vez, com a união civil, militar e policial, estamos agindo. Já sabemos como eles operam.”
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, alertou no X contra uma repetição das “situações terríveis de 2014, 2017 e 2019”, quando manifestantes antigoverno saíram às ruas e centenas foram mortos. Segundo o ministro, até a noite de 2ª feira (29.jul), 23 militares ficaram feridos nos atos.