Integrantes da cúpula do PT ficaram aliviados com a permanência de Márcio França (PSB) no governo ao final da 1ª reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora a solução tenha contrariado o ministro e a cúpula do PSB, a avaliação de petistas é que uma eventual saída abriria uma crise com chances de ruptura com um dos principais aliados do governo.
França será transferido do Ministério de Portos e Aeroportos para o ainda não criado, mas já anunciado, Ministério de Micro e Pequenas Empresas. A nova estrutura será montada a partir de uma secretaria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Portos e Aeroportos será comandado pelo deputado Silvio Costa Filho (PE), do Republicanos.
O ministro resistiu a deixar seu atual cargo e considerou ter tido um “downgrade” com a mudança. França avalia que a entrega do órgão ao partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o enfraquecerá em sua base eleitoral, Santos (SP). Isso porque o maior porto do país está localizado na cidade e Tarcísio defende sua privatização. Assim, o ministro teme que o governador aumente sua ingerência na região.
Além disso, os 2 podem se enfrentar na disputa pelo governo de São Paulo em 2026. Agora, o PSB espera apoio eleitoral do PT no Estado, mas os petistas pretendem lançar outros nomes, até, eventualmente, o de Haddad novamente.
Há também uma mágoa do PSB com o PT por causa da desistência de França na disputa pelo governo de São Paulo em 2022. Ele abriu mão de se candidatar em prol de Fernando Haddad (PT), que acabou em 2º lugar na disputa, e também pediu apoio de correligionários ao hoje ministro da Fazenda. Dessa forma, o PSB esperava manter sua posição no governo Lula.
Na noite de 4ª feira (6.set.2023), logo depois da oficialização das mudanças, França publicou em seu perfil no X (antigo Twitter) uma foto de Lula com Tarcísio com legenda em que saudava a entrada do partido de Tarcísio no governo.
“Posso garantir que o Silvio Costa Filho é um grande político, muito preparado e filho de um grande amigo meu. Nos ajudará na tarefa de promover a união e reconstrução que o Brasil tanto precisa. Saúdo Lula por trazer para o governo Tarcísio e seu partido para nos apoiar. O Brasil voltou”, disse. A mensagem foi interpretada pelos petistas como uma espécie de desabafo por parte de França.
Durante o desfile de 7 de Setembro, realizado na Esplanada dos Ministérios, França se manteve afastado de Lula durante quase todo o evento. Enquanto a maioria dos ministros se concentrou ao redor do chefe do Executivo, na parte da frente da tribuna de autoridades, permaneceu nos fundos do local. Ao final do evento, ele se aproximou do presidente e os 2 se cumprimentaram de forma protocolar.