O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (10.set.2023) que as questões geopolíticas não podem sequestrar a agenda do G20. Deu a declaração no seu discurso de encerramento da cúpula do grupo, em Nova Délhi, na Índia.
“Não nos interessa um G20 dividido. Só com uma ação conjunta é que podemos fazer frente aos desafios dos nossos dias. Precisamos de paz e cooperação em vez de conflitos”, disse o presidente brasileiro.
Lula fez a afirmação ao explicar como o Brasil vai se pautar no comando do grupo. O mandato brasileiro começa em 1º de dezembro e vai até novembro de 2024. Com a fala, o chefe do Executivo reiterou a posição brasileira de afastar das principais discussões do bloco a guerra na Ucrânia.
O conflito europeu foi o principal ponto de discordância entre os integrantes do bloco. A forma como a guerra na Ucrânia deveria ser tratada colocou em risco a divulgação da declaração final. Teria sido inédito se a cúpula não divulgasse o texto.
Por fim, a declaração foi publicada com a condenação ao conflito, mas sem menções diretas à Rússia. O documento rejeitou a invasão territorial e o uso da força contra a soberania ou independência política de qualquer Estado, disse que a ameaça de uso de armas nucleares é inadmissível e saudou iniciativas pela paz na região.
Em condescendência com a Rússia e a China, o texto disse que o G20 não é o fórum adequado para resolver questões geopolíticas, mas enfatizou as consequências econômicas globais do conflito. O argumento foi defendido pelo Brasil e pela Índia.
Em entrevista ao canal indiano Firstpost, que foi ao ar na tarde de sábado (9.set.2023), Lula disse que Putin não seria preso se viesse ao Brasil para participar da cúpula. Segundo o presidente, as outras nações não desrespeitariam o Brasil. “A gente gosta de tratar as pessoas bem. Então, eu acho que o Putin pode ir tranquilamente ao Brasil. […] Eu posso lhe dizer que eu sou o presidente do Brasil. Se ele vier para o Brasil, não há por que ele ser preso”, declarou.
Neste ano, Putin deixou de ir a reuniões internacionais por causa do risco de ser preso. O TPI (Tribunal Penal Internacional) emitiu em março de 2023 mandados de prisão contra Putin e contra Maria Alekseyevna Lvova-Belova, comissária dos Direitos da Criança no Gabinete Presidencial russo, por suposto crime de guerra de deportação ilegal de crianças e transferência ilegal de crianças de áreas ocupadas da Ucrânia para a Rússia.