A troca de Márcio França (PSB) por Silvio Costa Filho (Republicanos) no comando do Mpor (Ministério dos Portos e Aeroportos) tem deixado líderes do setor portuário apreensivos. Isso porque a mudança pode tirar de cena uma figura muito apreciada por essas lideranças que tocam os portos brasileiros, o atual secretário nacional de portos e transportes aquaviários, Fabrizio Pierdomenico.
Conforme noticiado pelo Poder360, quando a saída de França do Mpor ainda era ventilada, o setor portuário desejava sua manutenção no cargo devido à boa equipe técnica montada para tocar a secretaria de portos. Agora, com a mudança, uma reestruturação no ministério pode desmontar um time que vem sendo muito elogiado por sua atuação.
Ao jornal digital, o diretor-executivo da Abratec (Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres), Caio Morel, disse que Pierdomenico tem sido muito atuante em processos importantes e sabe identificar as maiores necessidades do setor portuário devido ao seu perfil extremamente técnico.
Morel destacou a participação do secretário na condução da renovação da emenda do reporto, que mantém a isenção tributária para os investimentos em infraestrutura portuária. O programa vence em 31 de dezembro de 2023 e sustenta a manutenção de investimentos no setor. A possível saída de Pierdomenico e sua equipe liga um alerta sobre a renovação do benefício.
“Ele é um excelente profissional, conhece muito do setor e estava tendo um desempenho excelente, ele está tramitando a nossa emenda do reporto, na 5ª (14.set) ele foi responsável pela licitação do terminal de contêineres de Itajaí, foi um trabalho que ele levou pessoalmente. A gente acha que ele está fazendo um ótimo trabalho e nossa vontade é que ele permaneça”, afirmou Morel.
O diretor-presidente da Logística Brasil, André de Seixas, compartilha desse entendimento. Na visão de Seixas, a continuidade de Pierdomienico na secretaria de portos é essencial para o desenvolvimento que vem sendo feito no setor.
“A gente espera que o novo ministro desempenhe sua função da melhor forma, que seja exitosa a passagem dele pelo ministério, mas que ele mantenha essa estrutura do secretário nacional de portos que é um técnico. A gente não pode ter perda técnica no setor”, declarou.
Seixas também manifestou preocupação com uma possível troca no comando das companhias de docas do país. Segundo o executivo, uma troca em setores estratégicos provocaria um descompasso no diálogo das associações e empresas com o poder público.
“Uma mudança agora na presidência das companhias de docas, das autoridades portuárias também não é uma coisa boa, você não tem uma continuidade de gestão”, disse Seixas.
Já o presidente da ABTP (Associação Brasileira de Terminais Portuários), Jesualdo da Silva, também declarou apoio a permanência de Pierdomenico, mas completou que está muito satisfeito com os primeiros dias de Costa Filho à frente do Mpor.
Jesualdo disse que a ABTP foi convidada para uma reunião com o ministro já no 2º dia de Costa Filho no comando do ministério. O executivo saiu satisfeito do encontro e afirmou estar confiante no trabalho que será feito devido à forte tendência de Costa Filho ao diálogo e a preocupação para entender as necessidades do setor.
Ao Poder360, Costa Filho disse que mantém conversas com lideranças do setor portuário e ainda está definido a composição de seu quadro de secretários. “A gente está analisando a equipe e conversando com todos os setores. Vamos ter uma reunião ao longo da próxima semana, mas a nossa ideia é avançar em uma governança técnica”, disse o ministro.
O ministro informou que a única decisão já tomada é a permanência de Juliano Noman na secretaria nacional de aviação civil.