RIO DE JANEIRO (Reuters) - A contratação compulsória de termelétricas a gás conforme o previsto na medida provisória de privatização da Eletrobras (SA:ELET3) poderá promover economia de 8 bilhões de reais ao ano aos consumidores, afirmou a associação que representa distribuidoras de gás canalizado.
O cálculo da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) considerou despesas e benefícios com a contratação das térmicas, além do atual cenário de crise hidrológica.
Entretanto, representa um contraponto a outros segmentos do mercado, que se posicionaram contra o dispositivo inserido na MP, pela definição previa de locais e capacidades para as novas usinas, distantes da atual oferta de gás produzido no país.
Segundo a Abegás, a despesa anual pela contratação das termelétricas corresponde a aproximadamente 13 bilhões de reais, enquanto o benefício, contando com redução do preço da energia (PLD) e GSF apurado (risco hidrológico), atingiria cerca de 21 bilhões de reais, gerando a economia de 8 bilhões de reais.
"O nível de água dos reservatórios, em média, vem baixando nos últimos 10 anos, principalmente desde 2014. E a falta de água pode comprometer a segurança de abastecimento, uma vez que a fonte hidráulica tem mais de 60% da matriz elétrica brasileira. A melhor maneira segura de corrigir isso são as térmicas a gás natural", disse em nota o presidente-executivo da Abegás, Augusto Salomon.
Os dispositivos inseridos no texto da MP, aprovado na Câmara e em avaliação no Senado --que tem sessão convocada para a votação, na quarta-feira--, determinam a contratação de 6.000 MW de térmicas a gás natural.
Mas na visão de outros setores, como de petroleiras e grandes consumidores de energia, a definição em lei da construção de tais usinas a gás, com capacidades e locais predeterminados, distantes da oferta do insumo brasileiro, poderia elevar custos.
O Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) chegou a afirmar que tais térmicas poderão depender de gás importado, ameaçando a ampliação e o estímulo ao uso do insumo nacional e gerando perdas ao país de 600 milhões de reais por ano em royalties.
Questionado sobre como o gás nacional poderá atender a demanda de térmicas instaladas distantes da oferta atual do insumo, Salomon respondeu em nota que as térmicas "funcionam como sinal econômico de consumo firme para o investidor em infraestrutra".
"(O investidor) poderá pedir autorização à ANP para construir a infraestrutra necessária e posteriormente fazer uma chamada de capacidade não apenas para a térmica, mas para os demais segmentos, a tarifa de transporte é o que garantirá remuneração do investidor", afirmou.
"Hoje os associados do IBP reinjetam mais de 50 milhões de m3/dia nos poços... O objetivo é criar a infraestrutura com consumo firme, para que os associados do IBP possam ter uma demanda firme, ou seja, as térmicas darão segurança para que o produtor possa ofertar esse gás, que hoje é reinjetado, ao mercado."
(Marta Nogueira)