As ações ordinárias da Americanas (BVMF:AMER3) atingiram mínima histórica de R$ 0,09 na manhã desta quinta-feira, acumulando uma desvalorização de mais de 99,25% desde que anunciou uma "inconsistência contábil" bilionária na noite de 11 de janeiro de 2023. A queda de hoje ocorre após o fim do bloqueio intermediário das novas ações resultantes da capitalização de créditos por credores na companhia.
O trader Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, afirma que "o cenário hoje é tomado por vendas pesadas no book (livro de ofertas), inclusive abaixo do preço de tela".
Já o operador financeiro da Renascença, Luiz Roberto Monteiro, afirma que, devido a todo o imbróglio, os investidores tentam vender porque acham que vai ser muito difícil a empresa se recuperar. "Todo mundo quer se desfazer das ações", comenta.
Visto como uma "infeliz coincidência" pela CFO da Americanas, Camille Faria, a baixa expressiva das ações neste pregão coincidiu com a divulgação do balanço de 2023 e do primeiro semestre do ano. "O dia seguinte da divulgação de resultados coincidiu com o dia que acaba o lock-up (impedimento de venda) inicial das ações que foram recebidas pelos credores", disse.
Segundo a executiva, antes, a companhia tinha cerca de 904 milhões de ações, com 70% sendo negociadas no mercado, o que gerava 630 milhões de ações em circulação.
Já com a emissão de 9 bilhões de ações para credores, com cerca de 70% fora do lock-up, "passamos de 630 milhões de ações passíveis de negociação no mercado para quase 7 bilhões", diz Faria.
O último grande tombo que a companhia havia sofrido foi de -76,25% (R$ 2,85), no dia seguinte após o anúncio do escândalo contábil. Na ocasião, o valor de mercado da varejista era de R$ 10,8 bilhões. A empresa seguiu em desvalorização desde então e hoje passou a valer R$ 2,7 bilhões, considerando o atual número total de papéis (19.718.450.603) e a cotação de R$ 0,14, registrada às 15h20.
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A CFO resumiu a movimentação como uma pressão vendedora importante de credores. "Não estou falando necessariamente dos bancos, mas credores das mais diversas naturezas, que não necessariamente são investidores de longo prazo do mercado de capitais", afirma.
Já em relação aos balanços, a companhia apresentou prejuízo de R$ 2,272 bilhões no ano passado, 82,8% menor em relação a 2022 (considerando os números reapresentados após a descoberta da fraude de resultados da companhia). No primeiro semestre deste ano, o prejuízo foi de R$ 1,4 bilhão, 55,9% menor ante igual intervalo de 2023.