Por Geoffrey Smith
Investing.com - As ações da Burberry (LON:BRBY) despencaram no pregão europeu desta segunda-feira (28), depois que a empresa de bens de luxo anunciou que seu diretor executivo, Marco Gobbetti, está deixando o cargo para se tornar CEO da rival, Salvatore Ferragamo SpA (MI:SFER).
A notícia foi recebida com desânimo pelos acionistas da Burberry, que viram Gobbetti mudar a sorte do grupo desde que foi nomeado em 2015, após uma incursão imprudente no mercado de baixo custo em que tentaram - sem sucesso - ampliar seu apelo. As ações da empresa subiram 7% no dia do último resultado trimestral, em março, quando ela elevou suas projeções para o ano corrente.
“Com a Burberry revigorada e firmemente estabelecida em um caminho de forte crescimento, sinto que agora é o momento certo para renunciar”, disse Gobbetti em um comunicado divulgado pela empresa.
As ações da Burberry fecharam em queda de 8,7%, sua maior perda diária desde os estágios iniciais da pandemia no ano passado. As ações da Ferrragamo também fecharam em queda.
Sob a direção de Gobbetti, a Burberry revigorou sua linha de produtos e - um tanto tardiamente - expandiu sua presença online. As ações quase dobraram de valor desde sua nomeação em 2015. No entanto, o grupo ainda tinha desempenho inferior a muitos de seus rivais. A pandemia expôs que ela ainda depende em grande parte de um bom número de lojas próprias em Londres e Hong Kong, que foram duramente atingidas pelo colapso do turismo internacional e pelos protestos pró-democracia, respectivamente.
A queda do preço das ações na segunda-feira significa que elas na verdade perderam mais de 3% nos últimos três anos, de acordo com dados do Investing.com. Para efeito de comparação, as ações da Hermes (PA:HRMS) e da LVMH (PA:LVMH) mais do que dobraram nesse período, enquanto as Christian Dior (PA:DIOR) subiram 90%.
O único grande nome da moda de luxo a ter um desempenho inferior ao da Burberry no período foi a Ferragamo, que caiu 7%. A Ferragamo, especializada em moda masculina formal, também foi duramente atingida pela pandemia. A família que controla a marca está procurando uma nova administração há meses, após rejeitar várias ofertas para uma possível venda de participação que teria resultado na perda do controle da empresa.