Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A AES Tietê, da norte-americana AES, demonstrou compromisso com suas metas de expansão ao anunciar na véspera um contrato para comprar parques eólicos do grupo J. Malucelli, mas segue avaliando novas oportunidades, disse à Reuters nesta quinta-feira a diretora financeira da companhia.
A operação pelas usinas eólicas no Rio Grande do Norte, que envolverá até 650 milhões de reais por parques que somam 187 megawatts em capacidade instalada, foi anunciada dias após a AES ter afirmado que pretendia acelerar o crescimento no Brasil.
"Essa transação vem aí com um pilar de nossa estratégia que faltava no trimestre, que era apresentar crescimento", disse à Reuters a diretora vice-presidente e de Relações com Investidores, Clarissa Della Nina Sadock.
"Essa aquisição vem na hora certa e no lugar certo", acrescentou ela, ao destacar que os ativos ficam próximos da região onde a companhia já tem acordos para desenvolver 1,1 gigawatts em projetos do chamado Complexo Cajuína, o que gerará sinergias.
As conversas sobre a aquisição, no entanto, tiveram início ainda em 2019, ressaltou ela.
"Fusões e aquisições não é algo que a gente consiga precisar se no trimestre que vem vai surgir outra oportunidade, mas estamos aqui buscando e avaliando todas essas oportunidades que nosso time de desenvolvimento de negócios consegue identificar."
De outro lado, a AES Tietê tem mantido conversas para fechar acordos de venda de energia diretamente a empresas com o objetivo de viabilizar a construção de novos parques eólicos ou solares, disse a diretora.
As negociações foram inicialmente impactadas pela pandemia de coronavírus, mas agora estão sendo retomadas, acrescentou ela.
"Estamos bastante otimistas de termos novidades para contar ainda neste ano."
As conversas em andamento no momento referem-se principalmente a acordos que envolveriam parques eólicos, ainda segundo a executiva.
Na sequência do anúncio da aquisição e dos resultados do segundo trimestre, quando o lucro disparou 235% na comparação anual, as units da AES Tietê avançavam quase 6% na bolsa paulista B3 por volta das 12:15 (horário de Brasília) desta quinta-feira, contra alta de 0,97% do índice Ibovespa.
CAIXA FORTE
A AES Tietê tem recursos em caixa para a compra dos parques eólicos da J. Malucelli, que envolverá 449 milhões de reais em dinheiro, sendo parte no fechamento da transação (51%) e o restante após cinco meses, disse a diretora financeira.
O negócio também envolve assunção de dívidas dos ativos, de 201 milhões de reais, pela empresa.
A AES Tietê fechou o segundo trimestre com 2 bilhões de reais em caixa, sendo 1,67 bilhão no caixa próprio e 375 milhões em controladas, segundo apresentação da elétrica.
"Fizemos recentemente um reforço de capital de giro, no começo do segundo trimestre, para fazer frente a potenciais necessidades em função da pandemia, que não se concretizaram, então estamos com caixa bastante forte", disse a CFO, ao ser questionada sobre operações em avaliação para captação de recursos no mercado.
Ela também disse que o nível de endividamento da companhia permite a ela seguir com sua estratégia de crescimento sem prejudicar a distribuição de dividendos aos acionistas.
"A companhia se desalavanca naturalmente em função da forte geração de caixa, então essa capacidade financeira nos dá conforto de nos mantermos sendo forte pagador de dividendos e crescer", afirmou.
A administração da empresa aprovou pagamento de 132,9 milhões de reais em dividendos intermediários referentes ao segundo trimestre --0,33 real por Unit, ou 112% do lucro.
A dívida líquida da AES Tietê ao final do segundo trimestre somava 2,68 bilhões de reais, 6,3% abaixo do mesmo período do ano anterior. Isso representa alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e geração de caixa (Ebitda) de 2,36 vezes, contra 2,64 vezes em 2019.
A companhia teve lucro líquido de 119 milhões de reais entre abril e junho, ou 235,7% a mais que no mesmo período do ano anterior, com aumento de geração de caixa devido à estratégia para sua geração hidrelétrica e à entrada em operação de usinas solares.
(Por Luciano Costa)