SÃO PAULO (Reuters) -A Allos manterá uma gestão de portfólio ativa, mas o número de operações de vendas de participações em shoppings centers deve ser maior do que o de aquisições este ano, afirmou o presidente-executivo da empresa, Rafael Sales, nesta quinta-feira.
Segundo o executivo, o atual ambiente de negócios, em meio à queda na taxa de juros, é positivo para transações, mas estas devem ser mais de desinvestimento do que compras em 2024.
"A gente também não descarta investir, adicionar algum mercado ou shopping que eventualmente faça sentido no perfil do nosso portfólio, mas, em número de transações, eu imagino mais transações de vendas do que transações de aquisições ao longo deste ano", afirmou Sales em conferência com analistas.
O presidente também disse que não espera número "tão relevante" de vendas como no ano passado, já que em 2023 a empresa encontrou uma janela muito favorável para a redução de exposição a shoppings que a Allos não tinha "dominância".
A Allos tem em seu portfólio 14 shoppings que vendem mais de 1 bilhão de reais por ano, dois deles vendendo mais de 2 bilhões anuais, segundo Sales, e pretende continuar investindo em ativos com tal "dominância", seja em expansão e revitalização dos já existentes como eventuais aquisições de novos.
"A gente vai continuar, sim, uma dinâmica ativa de gestão de portfólio, seja para reduzir exposição a alguns shoppings, seja para aumentar participação em outros ou até comprar outros shoppings que eventualmente tenham essa característica", disse.
A companhia teve alta de 30,5% no lucro líquido do quarto trimestre na comparação com mesmo período em 2022, para 235,3 milhões de reais, conforme balanço publicado na véspera.
Analistas do Itaú BBA e BTG Pactual (BVMF:BPAC11) consideraram o resultado positivo, mantendo, respectivamente, classificação "outperform" e recomendação de "compra" para as ações.
A empresa, uma fusão entre a Aliansce (BVMF:ALOS3) Sonae e a brMalls (BVMF:BRML3), também revisou a projeção de sinergias derivada dessa união para 210 milhões de reais anuais -- contra projeção anterior de 180 a 210 milhões anuais -- a serem capturados até o fim de 2028, e divulgou "guidance" para 2024, prevendo um Ebitda entre 1,97 bilhão e 2,05 bilhões de reais, investimentos da ordem de 450 milhões a 550 milhões de reais e dívida líquida sobre Ebitda entre 1,9 vez e 2,3 vezes.
"Esperávamos uma desalavancagem mais forte devido a fusões e aquisições recentes (o que pode ser compensado pela distribuição de dividendos, recompra de ações e/ou investimentos em expansões e reformas adiadas em 2023, os quais ainda precisamos entender melhor)", disseram os analistas do BTG Gustavo Cambauva e Elvis Credendio.
No último trimestre do ano passado, a relação dívida líquida sobre Ebitda da companhia foi de 2 vezes, um pouco abaixo do projetado, "em função do recebimento de recursos provenientes dos desinvestimentos concluídos ao final de 2023", disse a Allos em balanço.
Questionada sobre eventuais opções para conciliar a forte geração de caixa esperada com a previsão de alavancagem um pouco acima do esperado, a diretora financeira da Allos, Daniella Guanabara, não descartou um novo programa de recompra de ações.
"A gente também tem, com esse 'guidance', uma flexibilidade para pensar, inclusive, em um segundo programa de recompra. Acho que é uma boa prática de mercado", afirmou Guanabara.
Em teleconferência de resultados nesta quinta-feira, Sales avaliou o ano de 2023 como positivo, afirmando que a empresa conseguiu entregar os números prometidos antes da fusão, além de reduzir o custo da dívida de forma mais rápida que o esperado.
"Aproveito para destacar o caso da Helloo, do ponto de vista de mídia 'out of home' (OOH), que a gente espera que seja algo, no ano que vem já, 2025, próximo a 300 milhões de reais em receita para a companhia", acrescentou, referindo-se à empresa de comercialização de mídia adquirida pela brMalls em 2021.
Às 16h42 (horário de Brasília), as ações da Allos caíam 0,97% a 24,63 reais cada. O Itaú BBA tem preço-alvo de 29 reais para as ações da companhia e BTG Pactual, de 33 reais.
(Por Patricia Vilas Boas, edição Alberto Alerigi Jr. e Pedro Fonseca)