Por Marcelo Teixeira e Silvio Cascione
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - Perdas na divisão de trading de açúcar na segunda parte do ano safra 2015/16, quando os preços subiram constantemente, prejudicaram o desempenho financeiro da Alvean, a maior comerciante global da commodity, que não conseguiu obter um lucro.
A Alvean, uma joint venture de comércio de açúcar entre a empresa de alimentos Cargill e a brasileira Copersucar, teve bons resultados no início do ano safra, mas um resultado ruim na segunda parte apagou os ganhos anteriores, disse o presidente-executivo da Copersucar, Paulo Roberto de Souza.
"No caso da Alvean, temos dois fatores. Um é o mercado físico... originar açúcar e entregar no destino. Isso foi espetacular... No lado do trading... não foi um ano bom para a Alvean... E portanto terminou no zero a zero", afirmou Souza, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira.
Ele se recusou a elaborar sobre as estratégias de negociação.
A Alvean foi formada em 2014, quando a Cargill e a Copersucar decidiram combinar suas operações de comércio global de açúcar.
Souza disse que a empresa negociou 11,5 milhões de toneladas de açúcar, ou cerca de 30 por cento do mercado global, de abril de 2015 a março de 2016.
A empresa espera que o volume aumente entre 10 e 15 por cento na atual temporada, estimando a produção de açúcar do centro-sul em cerca de 35 milhões de toneladas, ante 31,5 milhões de toneladas na temporada passada.
Os preços do açúcar aumentaram de forma constante desde meados de 2015, à medida que as projeções de déficit global foram acentuadas.
O açúcar bruto para outubro, em Nova York, atingiu uma máxima de contrato de 20,22 centavos de dólar por libra-peso em 16 de junho.
As usinas no Brasil venderam antecipadamente a produção enquanto o mercado subia, mas muitos fixaram os preços muito cedo, ficando vulneráveis a chamadas de margem da bolsa.
A Copersucar, que é responsável pela venda de açúcar e etanol produzido por 20 grupos do Brasil, registrou lucro líquido de 32 milhões de reais no período 2015/16, ante prejuízo de 8 milhões de reais em 2014/15. A receita líquida saltou 25 por cento, para 26,3 bilhões de reais.
A empresa registrou vendas do biocombustível em 2015/16 de 5 bilhões de litros, alta de 16,3 por cento ante a temporada 2014/15, favorecida pelo crescimento da demanda e pela recuperação dos preços.