Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A Ambev (SA:ABEV3), maior cervejaria da América Latina, espera acelerar o crescimento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no Brasil em 2019, apoiada nos sinais de melhora da economia, disseram executivos da companhia nesta quinta-feira.
"Estamos em posição muito melhor em termos de portfólio em relação a anos anteriores para nos beneficiarmos integralmente da recuperação da economia", afirmou o presidente da Ambev, Bernardo Paiva, em teleconferência sobre o balanço do quarto trimestre e do consolidado de 2018.
Perguntado por analistas se a aceleração do Ebitda se daria via preços ou volumes de vendas maiores, o executivo citou oportunidades para ganhar eficiência e melhorar as margens, mas alertou que o desempenho operacional também se sujeitará à volatilidade das commodities.
Entre os fatores que sustentam o otimismo da cervejaria neste início de ano, o vice-presidente financeiro e de relações com investidores, Fernando Tennenbaum, destacou o equilíbrio do portfólio de marcas e o carnaval mais tardio, o que prolonga o consumo festivo de bebidas.
Na avaliação dele, a retomada econômica no Brasil tende a favorecer o segmento de marcas premium, que seguirão ganhando participação de mercado e ainda mais relevância na operação local da Ambev.
"Já vinha crescendo durante a crise e ganhando participação, então certamente crescerá no futuro... E é uma tendência no mundo inteiro, com os mercados mais sofisticados e o consumidor querendo novos produtos", explicou Tennenbaum em entrevista a jornalistas posteriormente, acrescentando que a estratégia de negócios se baseia na combinação de marcas diferenciadas.
Como parte dos mais recentes esforços para fortalecer o portfólio, a companhia lançou duas cervejas com apelo regional: a Nossa, em Pernambuco, em setembro, e a Magnífica, no Maranhão, em dezembro.
No quarto trimestre, a Ambev reportou alta de cerca de 5 por cento no lucro líquido, para 3,46 bilhões de reais, elevando o resultado anual a 11,38 bilhões de reais, alta de 44,9 por cento sobre 2017. O Ebitda ajustado subiu 2,5 por cento no trimestre e 4,7 por cento no ano.
Em comentário a clientes, a equipe do Credit Suisse disse que a cervejaria entregou um trimestre acima do esperado pelo banco, destacando o ganho de participação de mercado no segmento premium puxado pelas marcas Corona e Stella Artois.
Para 2019, entretanto, a companhia prevê alta de 15 por cento no custo do produto vendido por hectolitro no Brasil em razão da depreciação do real e preços mais altos de commodities.
Apesar disso, Tennenbaum alertou que a companhia não planeja repassar ao consumidor mais que a inflação. "Nosso último aumento de preço foi em julho do ano passado... Esse aumento de custos não vai mudar nossa estratégia de precificação", disse.
Às 16:45, as ações da Ambev caíam cerca de 6 por cento, para 17,27 reais, figurando entre os piores desempenhos do Ibovespa, que por sua vez cedia 1,8 por cento. Em 2019 os papéis ainda acumulam alta de cerca de 12,7 por cento.