ANÁLISE-Ativos da América Latina podem receber impulso com guerra comercial, dizem investidores

Publicado 04.04.2025, 16:02
Atualizado 04.04.2025, 16:05
© Reuters. Traders operam na Bolsa de Buenos Airesn26/02/2020nREUTERS/Agustin Marcarian

Por Rodrigo Campos

NOVA YORK (Reuters) - As ações e títulos latino-americanos podem ser vencedores improváveis, já que a guerra comercial do governo Trump até agora poupou em geral a região, ao mesmo tempo em que desencadeou uma derrocada do mercado em Wall Street que levou os investidores a buscarem ativos fora dos EUA.

O índice de ações Nasdaq abriu nesta sexta-feira mais de 20% abaixo de seu recorde de alta em dezembro e o "indicador de medo" de Wall Street atingiu a maior nível em oito meses. O dólar atingiu uma baixa de seis meses esta semana.

Enquanto isso, o desempenho superior de algumas ações e moedas dos mercados emergentes e a resistência dos títulos não passaram despercebidos.

A América Latina foi, em grande parte, poupada da imposição de tarifas adicionais no anúncio feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, nesta semana, que alterou décadas de política comercial, em parte porque a maior parte da região tem um déficit comercial com a maior economia do mundo.

Apesar das enormes vendas desta sexta-feira, o indicador de ações MSCI Latam está superando o S&P 500 em mais de 20 pontos percentuais até o momento em 2025.

Os retornos recentes e o repensar do comércio global podem trazer novos tipos de investidores para os ativos da América Latina, de acordo com Kathryn Exum, codiretora de pesquisa soberana da Gramercy.

"Voltando um pouco, é óbvio que estamos em um novo paradigma para o comércio e uma reorganização do comércio global. Supondo que você acabe com blocos de comércio mais regionalizados, a América Latina seria uma vencedora nesse sentido", disse ela.

"Talvez isso comece a aumentar os fluxos", acrescentou. "Se são fluxos de IED (investimento estrangeiro direto) ou fluxos de portfólio, isso dependerá do país em questão e se estamos falando de curto ou médio prazo."

Evidências de uma mudança podem ser encontradas no Brasil e no México, de longe as maiores economias da região. Os mercados de ações de ambos os países estão no território positivo este ano, e suas moedas estão em alta em relação ao dólar.

Economistas afirmam que o Brasil está mais bem posicionado do que a maioria dos países para lidar com as tarifas, ao passo que o México deve continuar recebendo o tratamento preferencial do ponto de vista comercial dos EUA.

A mudança para a América Latina ocorre depois de meses de volatilidade em Wall Street, conforme a visão predominante do mercado de que os ativos dos EUA eram o único destino estava sendo revista, e os investidores realinhavam as expectativas de crescimento nos EUA e no mundo todo.

"Os ativos dos mercados emergentes em geral estão apresentando desempenho superior durante esse período de volatilidade, e atribuímos isso a uma combinação de melhoria dos fundamentos, fatores técnicos favoráveis e avaliações relativas atraentes", disse Shamaila Khan, chefe de renda fixa para mercados emergentes e Ásia-Pacífico do UBS.

"Há também um sentimento crescente entre os investidores que questionam o excepcionalismo dos EUA, o que provavelmente impulsionará os fluxos de diversificação em direção aos ativos de mercados emergentes."

Ainda assim, as fortes vendas do mercado nesta sexta-feira, desencadeadas por tarifas contrárias da China, são um lembrete de que ninguém será poupado se a economia global entrar em recessão.

O tamanho do mercado de ações latino-americano é uma limitação, já que as 10 principais empresas do índice regional MSCI combinam uma capitalização de mercado de cerca de US$230 bilhões, enquanto a capitalização de mercado da Apple (NASDAQ:AAPL) sozinha é de cerca de US$3 trilhões.

Além disso, as idiossincrasias da América Latina também podem ser uma barreira para mais investimentos, disse Samy Muaddi, diretor de renda fixa de mercados emergentes da T. Rowe Price.

"Embora a América Latina tenha sido menos afetada diretamente (pelas tarifas dos EUA), qualquer país com déficits gêmeos em um período de condições financeiras mais restritivas pode sofrer danos colaterais."

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