As empresas captaram R$ 233 bilhões no mercado de capitais do Brasil no primeiro semestre de 2022, queda de 12,1% na comparação com igual período de 2021, de acordo com números da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgados nesta tarde.
As emissões de renda fixa foram o destaque, com crescimento de 25%, em ofertas que somaram R$ 202 bilhões, enquanto as de ações despencaram 75%, aqui ainda sem incluir os dados da oferta da Eletrobras (BVMF:ELET3), de R$ 33,7 bilhões.
Dentro da renda fixa, o destaque foi debêntures, com avanço de 35% nas captações, para um volume de R$ 133,8 bilhões. O prazo médio dos papéis foi de 6 anos e o setor de energia elétrica foi o mais ativo, responsável por emissões de R$ 33 bilhões. Ao todo, foram 225 emissões no primeiro semestre, das quais 49 acima de R$ 1 bilhão.
As debêntures incentivadas, voltadas para infraestrutura e com prazos mais longos, somaram R$ 19,6 bilhões, em 47 ofertas. Pessoas físicas compraram mais debêntures no primeiro semestre, ficando com 28,9% dos recursos. Os bancos coordenadores das ofertas e outros intermediários ficaram com 32% e os fundos de investimento com 31%.
Entre outros instrumentos, os fundos de recebíveis tiveram queda de 43,5% e os fundos imobiliários tiveram captações 66,7% menores. Já os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) aumentaram 13%, enquanto as ofertas dos Certificados de Recebíveis Agrícolas avançaram 54%.
"Tivemos uma pequena retração no volume do mercado de capitais doméstico", disse o vice-presidente da Anbima, José Eduardo Laloni, em entrevista à imprensa há pouco. "Na renda variável, o mundo todo tem sofrido, com as emissões de novas ações em compasso de espera." Já as ofertas de ações de empresas já listadas (follow-on), disse Laloni, têm saído. Os saques nos fundos de ações e o desempenho fraco das ações das empresas novatas na B3 (BVMF:B3SA3) acabaram dificultando novas aberturas de capital (IPO, em inglês), ressaltou o executivo.
A maior volatilidade no mercado e a maior aversão a risco, no Brasil e no mundo, em meio à inflação e taxas de juros em alta estão afetando a alocação dos investidores, disse Cristiano Cury, vice coordenador da Comissão de Renda Fixa da Associação. O reflexo natural é a busca por papéis de renda fixa, de perfil mais conservador. "O mercado de capitais reflete muito o que acontece com a indústria de fundos", completou Cury.