SÃO PAULO (Reuters) - O indicado do presidente Jair Bolsonaro ao cargo de CEO da Petrobras (SA:PETR4), Caio Mario Paes de Andrade, disse ao Comitê de Elegibilidade (Celeg) da companhia que não recebeu orientações do governo em relação à mudança da política de preços da estatal, mostrou documento divulgado neste sábado.
Andrade, que vinha ocupando o cargo de secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, teve seu nome aprovado pelo Celeg na sexta-feira, um passo fundamental para que ele assuma a presidência da empresa.
A ata da reunião do comitê, publicada pela Petrobras neste sábado, mostrou que Andrade foi questionado pelo órgão sobre a política de preços da empresa --tema que já contribuiu com a queda de três CEOs no governo Bolsonaro em meio a constantes aumentos de preços de combustíveis.
"Não tenho qualquer orientação específica ou geral do acionista controlador ou qualquer outro acionista no sentido de alteração da política de preços praticados pela companhia," disse Andrade.
Um mês depois de ter sido formalmente indicado por Bolsonaro, ele está prestes a assumir o cargo, aguardando uma reunião do conselho de administração marcada para a próxima segunda-feira.
A ata da reunião do comitê também mostrou que a aprovação de Andrade não foi unânime, uma vez que Francisco Petros, conselheiro da Petrobras e presidente do comitê formado por quatro pessoas, votou contra.
"O candidato tem formação acadêmica... em área em nada relacionadas com as atividades da Petrobras. Muito embora tenha estudado em renomadas universidades norte-americanas, o que é louvável, a combinação deste inegável mérito com a correspondente experiência profissional está a meu juízo, muito aquém às necessidades de governança e gestão da Petrobras", disse Petros.
"Uma rápida avaliação dos problemas nos quais está mergulhada a companhia indicam que um candidato com experiência na gestão de grandes empresas e/ou órgãos da administração pública e do Estado é muito necessária", acrescentou.
Andrade, formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista e mestre em Administração de Empresas pela Universidade Duke, foi presidente do Serpro, empresa pública de tecnologia, entre 2019 e 2020, quando assumiu a secretaria no Ministério da Economia.
(Reportagem de Gabriel Araujo)