SÃO PAULO (Reuters) - A fabricante argentina de equipamentos de energia Impsa negou nesta quinta-feira que tenha participado de irregularidades ou corrupção para a obtenção de contrato de fornecimento junto à hidrelétrica de Belo Monte, após o senador Delcídio do Amaral (MS) ter afirmado que houve propinas de ao menos 30 milhões de reais na construção da usina do Xingu.
"A Impsa rechaça com veemencia qualquer insinuação de que tenha praticado atos de corrupção ou promovido pagamentos ou doações ilegais a autoridades, políticos e partidos', afirmou a empresa em nota à Reuters.
A empresa afirmou ainda que, ao entrar na disputa entre fornecedores pelos contratos de Belo Monte, "ajudou a reduzir substancialmente os preços ofertados pelo outro consórcio, que terminou responsável pelo fornecimento dos demais equipamentos".
A Impsa forneceria parte das turbinas e geradores para Belo Monte, em contrato de 816,8 milhões de reais, enquanto um consórcio formado por Alstom (PA:ALSO), Voith e Andritz fechou a venda do restante das turbinas e geradores no valor de 3,5 bilhões de reais.
Em julho do ano passado, no entanto, o grupo formado por Alstom, Voith e Andritz fechou contrato para tomar a parte da Impsa na obra, após a empresa argentina ter entrado em recuperação judicial.
Segundo conteúdo da delação do senador Amaral, teria havido "influência direta" do falecido ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em favor da entrada da Impsa no grupo de fornecedores de Belo Monte, e a empresa depois teria mostrado "inaptidão... em fazer frente a um desafio dessa envergadura".
A Impsa disse em sua resposta que "são inverídicas as assertivas do senador sobre a inaptidão" da empresa.
"A propósito, o contrato em referência é atualmente objeto de litígio entre... Impsa e a Norte Energia, em decorrência de medidas antijurídicas tomadas por parte da contratante... discussão que certamente inexistiria, por razões de natureza lógica... em hipótese de qualquer tipo de vantagem", disse a Impsa em nota, sem detalhar.
Procurada, a Norte Energia não se manifestou até o momento sobre as acusações feitas pelo senador Delcídio do Amaral, na última terça-feira.
A companhia responsável por Belo Monte tem como sócios Eletrobras (SA:ELET3), Cemig (SA:CMIG4), Vale e Neoenergia [GNAN3B.SO], entre outras. A usina, que quando pronta será a terceira maior hidrelétrica do mundo, está orçada em mais de 25 bilhões de reais.
(Por Luciano Costa)