Por Adam Jourdan e Rodrigo Campos
BUENOS AIRES/NOVA YORK (Reuters) - O governo da Argentina definirá "guias" para sua reestruturação da dívida externa de quase 70 bilhões de dólares, embora ainda não esteja pronto para fazer uma proposta formal aos credores, uma pessoa informada sobre os planos do governo afirmou à Reuters nesta segunda-feira.
O governo inicialmente havia estabelecido o fim de março como prazo para chegar a um acordo com os detentores de títulos, mas enfrentou atrasos no processo, muitos devido à pandemia de coronavírus que atingiu as economias globais e fechou fronteiras.
A Argentina está enfrentando uma corrida para renovar suas dívidas com credores privados e grandes financiadores --incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI-- e evitar um default, o que poderia interromper seu acesso aos mercados globais, mesmo enquanto combate uma recessão e alta inflação.
A fonte, que pediu para não ser identificada porque as negociações em andamento não são públicas, acrescentou que o governo argentino também pretende fazer um pagamento de juros de aproximadamente 225 milhões de dólares na terça-feira, com o objetivo de manter os credores tranquilos.
O Ministério da Economia da Argentina não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
As diretrizes, a serem reveladas no início desta semana, acrescentarão detalhes ao roteiro macroeconômico que o governo apresentou no início deste mês, acrescentou a pessoa informada sobre o assunto, e dará princípios para uma reestruturação sustentável da dívida "sem fazer uma oferta".
Inicialmente, a Argentina pretendia lançar uma oferta para credores em meados de março e fechar um acordo até o final do mês. No entanto, o país foi afetado pela pandemia, que o forçou a cancelar viagens para realizar reuniões virtuais com os credores.
"Houve algum atraso necessário devido ao coronavírus, que era obviamente imprevisto", acrescentou a fonte.
O ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, afirmou que, sob previsões fiscais e de crescimento realistas, a Argentina não pode cumprir com as atuais obrigações de dívida precisa de alívio substancial de seus credores globais.
(Reportagem de Adam Jourdan e Rodrigo Campos)