Por Sanjeev Miglani
NOVA DÉLHI (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assistiu nesta segunda-feira a um desfile deslumbrante do poderio militar e da diversidade cultural da Índia, no segundo dia de uma visita alardeada como uma oportunidade de estabelecer uma parceria estratégica forte entre os dois maiores países democráticos do mundo.
Choveu durante o desfile pelo centro de Nova Délhi, mas a emoção era grande durante a visita histórica de Obama, que começou no domingo, com um conjunto de acordos e um relacionamento afetuoso com o primeiro-ministro Narendra Modi.
Os dois líderes anunciaram planos para desbloquear bilhões de dólares em comércio no âmbito nuclear e aprofundar os laços na área da defesa.
O mais significativo foi o acordo sobre questões que, apesar de um inovador pacto em 2006, impediam empresas norte-americanas de vender reatores nucleares para a Índia e se tornaram um dos pontos de atrito nas relações bilaterais.
"Mobama rompe impasse nuclear", estampou o jornal Mail Today em sua primeira página, que trazia uma fotografia de Modi e Obama se abraçando calorosamente.
A atmosfera de bondades foi um espetáculo notável, considerando que há um ano Modi era persona non grata em Washington e esteve proibido de visitar os Estados Unidos por quase uma década, depois dos tumultos que causaram várias mortes entre hindus e muçulmanos em um Estado que ele governou.
Obama é o primeiro presidente dos EUA a participar de desfile do Dia da República na Índia, uma parada de demonstração de poderio militar que por muito tempo esteve associada com o antiamericanismo da Guerra Fria.
A multidão vibrou quando ele e a primeira-dama, Michelle Obama, saíram de seu carro e caminharam até o local de onde assistiriam ao desfile.
Obama sentou-se ao lado de Modi para acompanhar a parada que seguia ao longo da Rajpath, uma elegante avenida do tempo do império britânico, que liga o palácio presidencial ao Portão da Índia. Helicópteros lançavam pétalas de flores sobre a multidão, e depois tanques, mísseis, soldados, bandas de música e dançarinos passaram diante dos convidados.
A segurança foi reforçada na parada e por toda a cidade, onde dezenas de milhares de policiais e paramilitares foram deslocados para as esquinas de ruas e telhados.
A presença de Obama na parada - a convite pessoaelde Modi - marca a mais recente reviravolta em uma relação bilateral com altos e baixos, e que há apenas um ano estava em frangalhos.
Disputas sobre protecionismo culminaram em um incidente diplomático em 2013 e a saída abrupta do embaixador norte-americano de Nova Délhi, que só agora foi substituído.
Os Estados Unidos veem a Índia como um grande mercado e potencial contrapeso na Ásia para uma China mais assertiva, mas o governo norte-americano com frequência tem se frustrado com o ritmo lento das reformas econômicas de Nova Délhi e a falta de disposição do país de ficar do lado de Washington nos assuntos internacionais.
Eleito em maio passado, Modi injetou uma nova vitalidade na economia e nas relações externas e, para deleite de Washington, começou a procurar ganhar espaço sobre a China em toda a Ásia.
Das conversações de domingo entre os dois líderes emergiu um plano de dez anos de relações no âmbito da defesa e acordos de cooperação que incluem a produção conjunta de aeronaves do tipo drone e equipamentos para o avião C-130 de transporte militar da Lockheed Martin Corp.
(Reportagem de John Chalmers)