Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - As contas de luz podem voltar à bandeira tarifária verde em dezembro, o que aliviaria os consumidores do custo extra gerado pela bandeira amarela acionada neste mês, afirmaram especialistas de comercializadoras, que esperam uma melhoria do cenário hídrico.
O acionamento da bandeira amarela, que sinaliza para o consumidor uma menor oferta e busca incentivar a economia de energia, foi decidido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no final de outubro devido a projeções de chuvas abaixo da média histórica em todo o país em novembro.
Como novembro marca o início do período de chuvas na região das hidrelétricas do país, que têm os reservatórios principalmente no Sudeste, a expectativa do mercado é de que as precipitações melhorem a partir do próximo mês.
"Dezembro é um mês que já tem uma hidrologia bastante considerável no Sudeste, você tem um volume de água esperado muito grande... se a projeção for de um dezembro um pouco mais molhado, já muda para a bandeira verde", disse à Reuters o gerente de gestão de clientes da Delta Energia, Reinaldo Ribas.
As bandeiras tarifárias são fixadas pela Aneel de acordo com os preços da energia no mercado spot, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). Se o PLD passa de 211 reais por megawatt-hora em alguma região, é acionada a bandeira amarela, enquanto a vermelha entra em vigor com preços acima de 422 reais.
O PLD está atualmente em cerca de 241 reais por megawatt-hora, ante 168 reais no final de outubro.
"Se chover o esperado o preço pode cair (em dezembro)... hoje nossas simulações apontam para 180 reais. Mas depende da chuva, se vier abaixo do esperado o preço pode subir bastante", disse o diretor de risco da Ecom Energia, Carlos Caminada.
Segundo dados da plataforma de negociação de energia BBCE, os contratos de energia para dezembro têm sido negociados na casa dos 160 reais por megawatt-hora, o que mostra que o mercado ainda espera chuvas dentro da média na reta final do ano.
Ribas, da Delta Energia, afirmou que também vê um cenário de normalidade das chuvas em 2017, o que poderia manter a bandeira verde no início do próximo ano se não houver sustos na hidrologia.
A partir de maio, no entanto, entra em vigor uma mudança nos parâmetros de cálculo do PLD, que passará a adotar critérios mais pessimistas, o que deve elevar os preços.
"Aí sim você teria uma probabilidade maior de a bandeira amarela ficar ligada por mais tempo... a probabilidade é maior no segundo semestre", afirmou.