SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice acionário da bolsa paulista B3 tinha leves variações nesta quarta-feira, com investidores adotando cautela diante do cenário local, após o presidente Michel Temer voltar a ser alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal e depois da prisão do presidente-executivo da JBS, Wesley Batista.
A sessão é marcada ainda por vencimento de opções sobre o índice, o que ajuda a aumentar a volatilidade dos negócios.
Às 11:37, o Ibovespa subia 0,27 por cento, a 74.738 pontos, depois de ter recuado 0,46 por cento na mínima da sessão até o momento. O giro financeiro era de 2,2 bilhões de reais.
O índice renovou máximas históricas intradia e de fechamento nos dois pregões passados, mas a cautela com o cenário político voltou ao radar, abrindo espaço para algum movimento de ajuste, após o ministro do STF Roberto Barroso abrir um novo inquérito contra Temer. A decisão de Barroso ocorreu sob a suspeita, a partir da delação de executivos da J&F, de que Temer possa estar envolvido num esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na edição de um decreto que mudou regras portuárias.
O noticiário político também segue movimentado nesta sessão, com a expectativa pelo julgamento do STF de pedidos feitos por Temer para afastar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de investigações que o envolvem. Além disso, o mercado espera o depoimento do ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Em meio às preocupações envolvendo investigações, o governo tenta avançar sua agenda de reformas no Congresso Nacional. Na véspera, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que governo e Congresso estão próximos de um acordo em torno de um texto para a renegociação de dívidas tributárias de empresas, que pode ir a votação ainda nesta semana.
"Hoje será retomada a discussão da reforma política, que se não avançar pode emperrar as discussões do novo Refis, que também é importante para o governo garantir recursos para atingir parcela da meta fiscal", escreveram os analistas da corretora Magliano, em nota a clientes.
DESTAQUES
- JBS ON (SA:JBSS3) subia 1,24 por cento, apesar da Polícia Federal ter prendido nesta manhã o presidente-executivo da empresa, Wesley Batista, como parte de uma investigação sobre suspeita de uso de informação privilegiada para obter lucros no mercado financeiro. No início do pregão, a ação chegou a cair 1,73 por cento.
- GPA PN (SA:PCAR4) subia 0,47 por cento, com investidores avaliando possíveis impactos do processo de arbitragem proposto pelo Fundo de Investimento Imobiliário Península sobre cálculos de valores de aluguéis de lojas e "outras questões operacionais".
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) subia 0,67 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) tinha alta de 0,97 por cento, em dia de alta para os preços do petróleo no mercado internacional. Os planos de mudança no perfil de endividamento da empresa também estavam no radar, assim como o anúncio de que a petroleira vai pagar 1,4 bilhão de reais no primeiro ano de equacionamento de déficit do Plano Petros. Segundo analistas da Coinvalores, esse déficit já está contemplado nas demonstrações financeiras e não impacta o resultado de 2017, embora não descartem algum movimento de pressão nos papéis.
- VALE ON (SA:VALE3) recuava 1,76 por cento, em linha com o movimento dos contratos futuros do minério de ferro na China.
- SER EDUCACIONAL ON (SA:SEER3) , que não faz parte do Ibovespa, caía 4,36 por cento, após a empresa anunciar que fará aumento de capital de entre 236,5 milhões e 400 milhões de reais, em um momento em que negocia aquisição de instituição de ensino superior. O aumento de capital será feito com emissão de entre 8,2 milhões e 13,9 milhões de ações para subscrição privada ao preço de 28,80 reais por papel, abaixo do fechamento da véspera, de 31,90 reais.
(Por Flavia Bohone)