Por Andrew Chung
(Reuters) - O presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, John Roberts, defendeu diretamente a independência do judiciário federal um dia após o presidente Donald Trump criticar um juiz que tomou decisão contrária à sua política que impede asilos para determinados imigrantes chamando-o de um "juiz de Obama", mas Trump rapidamente rejeitou a repreensão.
A declaração de Roberts representa sua primeira resposta pública sobre o criticismo persistente do presidente em relação aos tribunais federais. Adversários de Trump chamaram seu criticismo aos juízes de um ataque à lei nos Estados Unidos.
"Não temos juízes de Obama ou juízes de Trump, de Bush ou de Clinton", disse Roberts, um conservador nomeado ao cargo pelo ex-presidente George W. Bush, em comunicado da Suprema Corte.
"O que temos é um grupo extraordinário de juízes dedicados que fazem o seu melhor para tratar com igualdade os que se apresentam diante deles. Um judiciário independente é algo a que todos deveríamos ser gratos", acrescentou Roberts, embora seu comunicado não mencionasse diretamente Trump.
No Twitter (NYSE:TWTR), Trump respondeu: "Desculpe, presidente John Roberts, mas temos sim 'juízes de Obama' e eles têm um ponto de vista bem diferente dos que têm como responsabilidade a segurança do nosso país".
Não é comum para um presidente da Suprema Corte do país, com nove membros, responder a um presidente. A Constituição dos Estados Unidos estabelece que o judiciário federal é um dos poderes equivalentes do governo, com o Executivo e o Legislativo sendo os demais poderes que integram o chamado sistema de pesos e contrapesos do poder. Os presidentes apontam os membros da Suprema Corte, que são confirmados pelo Senado.
Ilya Somin, professor de Direito na Universidade George Mason, no estado da Virgínia, disse que a resposta rara e direta de Roberts a Trump "envia um sinal de que Trump passou do ponto do discurso político responsável".