BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil registrou déficit em transações correntes de 7,907 bilhões de dólares no mês passado, o pior resultado para setembro, influenciado sobretudo pelas remessas de lucros e dividendos e pela balança comercial.
No acumulado em 12 meses encerrados no mês passado, informou o Banco Central nesta sexta-feira, o déficit em conta corrente do país ficou em 3,70 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), o maior desde fevereiro de 2002 (3,94 por cento).
O rombo não coberto pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) que, em setembro, somaram 4,214 bilhões de dólares, mas vieram melhores do que o esperado, segundo pesquisa Reuters, cujas expectativas eram de saldo positivo de 3,45 bilhões de dólares no mês passado.
O resultado da conta corrente em setembro veio um pouco pior que as expectativas levantadas em pesquisa Reuters, de saldo negativo de 7,250 bilhões de dólares, e das contas do próprio BC, de déficit de 6,7 bilhões de dólares.
O déficit na conta --que abrangem a importação e a exportação de bens e serviços e as transações unilaterais do Brasil com o exterior-- foi impactado pelas remessas de lucros e dividendos, que somaram 1,697 bilhão de dólares em setembro, ante o ingresso de 274 milhões de dólares em igual mês do ano passado.
Também continuou pesando o fraco desempenho da balança comercial, que no mês passado registrou déficit de 940 milhões de dólares. De janeiro a setembro, a balança apresentou saldo negativo de 690 milhões de dólares.
O BC informou ainda que os gastos líquidos de brasileiros no exterior com viagens continuaram elevados, atingindo 1,894 bilhão de dólares, ante 1,643 bilhão de dólares na comparação anual.
Esse quadro foi agravado também por maiores gastos líquidos com aluguéis de equipamentos no exterior, que somaram 2,226 bilhões de dólares em setembro, 31,3 por cento a mais do que a despesa de 1,695 bilhão de dólares em setembro de 2013.
De janeiro a setembro, o rombo em transações correntes está em 62,730 bilhões de dólares. A estimativa do BC é que a conta encerre 2014 com déficit de 80 bilhões de dólares.
O elevado saldo negativo em transações correntes é um fator adicional de piora dos indicadores brasileiros, juntamente com o baixo crescimento e a inflação elevada, cenário que envolve a acirrada disputa na campanha presidencial entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).
(Por Luciana Otoni)