EUGENE, Estados Unidos (Reuters) - A atleta do lançamento de martelo dos Estados Unidos Gwen Berry deu as costas à bandeira norte-americana quando estava no pódio da cerimônia de medalhas da seletiva da equipe olímpica do país, mas disse que sua ação não foi uma mensagem, embora esteja incomodada com o momento em que o hino nacional do país foi tocado.
A atleta negra foi suspensa por 12 meses pelo Comitê Olímpico e Paralímpico dos EUA (USOPC, sigla em inglês) por ter erguido o punho durante os Jogos Pan-Americanos de 2019, mas fez novamente o gesto antes da rodada classificatória de quinta-feira, parte do seu ativismo por mudanças sociais.
O Comitê Olímpico norte-americano afirmou em março que os atletas que competem nas suas seletivas podem protestar, inclusive se ajoelhando ou erguendo o punho no pódio ou na linha de partida durante o hino nacional.
Quando o “Star-Spangled Banner” ("A Bandeira Estrelada"), hino dos EUA, começou a tocar no sábado, Berry colocou a mão esquerda no quadril antes de se virar às arquibancadas e tirar uma camiseta preta com as palavras “atleta ativista” na parte da frente para cobrir a sua cabeça.
“Sinto que foi uma armadilha. Sinto que fizeram de propósito”, disse Berry, que terminou em terceiro para se classificar pela segunda vez à equipe olímpica. “Fiquei irritada, sendo sincera.”
"Eles tiveram oportunidades suficientes para tocar o hino nacional antes que subíssemos lá… Eu estava pensando sobre o que eu deveria fazer. Acabei ficando lá e balancei, coloquei minha camiseta sobre a minha cabeça. Foi muito desrespeitoso.”
“Não foi exatamente uma mensagem. Eu não queria estar lá em cima. Como eu disse, foi uma armadilha. Estava quente, eu estava pronta para tirar as minhas fotos e ficar na sombra.”
A Federação de Atletismo dos EUA disse que o hino foi tocado todos os dias durante as seletivas de acordo com um cronograma que havia sido publicado.
“Nós não esperamos até que as atletas estivessem no pódio do lançamento de martelo”, disse a porta-voz Susan Hazzard, em comunicado. “Estamos muito felizes com a equipe feminina de lançamento de martelo que se classificou para os Jogos.”
Berry disse que sua missão era maior que o esporte e que “ser capaz de representar minha comunidade e meu povo, e aqueles que morreram nas mãos da brutalidade policial, aqueles que morreram pelo racismo sistêmico.”
Ela acrescentou: “Essa é a parte importante, é por isso que vou e é por isso que estou aqui agora.”