SÃO PAULO (Reuters) - A companhia aérea Azul (BVMF:AZUL4) iniciou nesta segunda-feira operações ampliadas em um dos aeroportos mais movimentados do país, Congonhas, na capital paulista, incluindo a rota inédita para a empresa ligando o terminal a Brasília.
As operações ampliadas ocorrem depois que o número de espaços para pousos e decolagens da Azul foi ampliado em Congonhas de 41 para 84 em novembro pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ampliando a concorrência contra as rivais Gol (BVMF:GOLL4) e Latam, tradicionais operadoras de voos comerciais no aeroporto.
Além da criação da rota Congonhas-Brasília pela Azul, a companhia aérea também está operando retorno de conexões diretas com Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR), e ampliação de voos para Belo Horizonte e Recife, principais hubs regionais da empresa. A ampliação da ponte aérea Rio-São Paulo pela companhia também foi permitida a partir do aumento no número dos slots.
A Azul afirmou que vai usar aeronaves Airbus (EPA:AIR) A320neo e o Embraer (BVMF:EMBR3) 195 E2 na ampliação da presença em Congonhas.
As ações da Azul exibiam queda de 1,6%, cotadas a 11,49 reais, às 14h45. No mesmo horário, o Ibovespa avançava 0,9%.
Questionado sobre como fica o desempenho da companhia após o aguardado início das operações ampliadas em Congonhas, o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, afirmou que a previsão da empresa de conseguir elevar o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para acima de 5 bilhões de reais este ano deve-se aos novos slots.
"Congonhas é o aeroporto mais rentável do Brasil e talvez das Américas, e mais do que dobrar nossas frequências aqui é muito bom para nós", disse Rodgerson a jornalistas.
Segundo ele, apesar da empresa estar vendendo passagens para os novos voos desde o final do ano passado, o efeito da operação dos novos slots em Congonhas será sentido a partir do segundo trimestre.
Rodgerson evitou fazer comentários precisos sobre preços das passagens aéreas, mas mencionou que a entrada de oferta adicional no mercado vai contribuir para queda nos valores das passagens.
"Como que se reduz preço de passagem? Com mais capacidade ou menos demanda? Neste momento, como se faz isso? Com mais capacidade", disse o executivo se referindo à contínua alta demanda de passageiros por voos no Brasil. Segundo Rodgerson, as tarifas para Brasília hoje "seriam 10% a 15% mais altas" se não houvesse o início da operação dos slots. Rodgerson comentou ainda que se houver disponibilização de mais slots em Congonhas a companhia tem interesse.
O presidente da Azul, Abhi Shah, minimizou uma eventual disputa por preço em Congonhas com as rivais. "Não precisa guerra tarifária. Só precisa de mais opções aos clientes."
Rodgerson afirmou ainda que está cobrando da Embraer mais agilidade na entrega de aviões regionais E2 da fabricante brasileira. "Falei para o presidente da Embraer que agora eu preciso de mais E2. É a aeronave mais econômica que existe", disse Rodgerson, citando os novos voos para Brasília.
Shah afirmou que a Azul vai receber este ano entre quatro e oito novos E2 da Embraer.
(Por Alberto Alerigi Jr.)