Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - As ações do Bradesco (SA:BBDC4) caíam com força nesta quinta-feira, após a divulgação do balanço do segundo trimestre que analistas consideraram pouco inspirador, pontuado por forte alta da inadimplência e piora no segmento de seguros, e com executivos do banco prevendo uma reversão positiva apenas em 2017.
Às 13:32, a ação preferencial do segundo maior banco privado do país recuava 4,2o por cento. No mesmo instante, o Ibovespa tinha baixa de 1,17 por cento.
Além da queda de 7,6 por cento do lucro líquido do período na comparação anual, o banco também piorou algumas previsões para o ano, com aumento da provisão esperada para perdas com calotes e a expectativa de que a carteira de crédito, na melhor das hipóteses, ficará no mesmo nível do fim de 2015.
Em teleconferência com jornalistas, executivos do banco previram que o cenário de economia em recessão do país tende a continuar elevando seu índice de inadimplência nos próximos trimestres, podendo se estabilizar na virada do ano.
"Há alguns indicadores antecedentes de melhora da confiança na economia, o que pode se refletir na inadimplência na virada do ano", disse o diretor-executivo e diretor de relações com investidores, Luiz Carlos Angelotti, em teleconferência com jornalistas.
O índice de inadimplência acima de 90 dias subiu para 4,6 por cento, ante 4,2 por cento do trimestre anterior, que já tinha sido o pico em quase quatro anos.
Angelotti mencionou o 'caso específico' de uma empresa para o qual o banco fez uma provisão adicional de 365 milhões de reais, após já ter provisionado 836 milhões de reais no trimestre anterior.
Mas analistas consideraram que a piora do índice refletiu também a alta acentuada dos atrasos na linha para pequenas e médias empresas, de 6,6 para 71,8 por cento em apenas um trimestre.
"A métrica de qualidade dos ativos piorou principalmente no segmento de pequena e média empresa, no qual o Bradesco tem grande exposição", afirmou em relatório o analista do JPMorgan Domingos Falavina, que reiterou recomendação neutra para a ação.
Após a carteira de crédito total ter encolhido 3,4 por cento em 12 meses até junho, o Bradesco reduziu a previsão para o ano para queda de 4 por cento a estabilidade sobre 2015, ante estimativa anterior de alta de 1 a 5 por cento da carteira no ano. Angelotti previu que a carteira de crédito do banco pode crescer um dígito em 2017, em linha com a retomada da economia.
Apesar do crédito ter recuado, analistas elogiaram o fato de o banco ter conseguido entregar aumento nas margens de crédito e nas receitas com serviços, o que amenizou os pontos negativos do balanço.
"O Bradesco entregou no primeiro semestre metade do lucro esperado pela média do mercado para 2016, uma clara indicação de potencial de alta do consenso", afirmou a equipe de analistas do Itaú Unibanco (SA:ITUB4) liderada por Thiago Batista, que manteve recomendação 'outperform' para as ações do banco.