Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A alemã Bayer (ETR:BAYGN), líder em biotecnologias agrícolas no Brasil, projeta que a adoção da soja Intacta2 Xtend dará um salto para cerca de 10% da área semeada na safra 2022/23, cujo plantio está se desenvolvendo no país que é o maior produtor e exportador global da oleaginosa.
Considerando a estimativa da Bayer, antecipada pela empresa à Reuters, essa soja transgênica tolerante ao herbicida dicamba e resistente a insetos pode atingir uma área superior a 4 milhões de hectares em 2022/23, versus apenas 243 mil hectares em 2021/22 (ou 0,6% da plantio total na safra passada).
O avanço da Intacta2 Xtend deve ajudar a Bayer, que detém a grande maioria das tecnologias transgênicas utilizadas no Brasil, a defender sua liderança no segmento, após a rival Corteva ter lançado duas novas sementes em 2021.
O forte crescimento esperado para a terceira geração da tecnologia da soja, disse a Bayer, ocorrerá após a variedade ter sido "experimentada e testada nos últimos dois anos em mais de 500 áreas em todo o Brasil", garantindo altas produtividades, com dezenas de produtores registrando médias de 100 sacas de 60 kg por hectare.
Segundo o diretor Comercial de Intacta da divisão agrícola da Bayer Brasil, Rafael Mendes, alguns produtores alcançaram mais de 120 sacas por hectare.
"Os três dígitos na soja sempre foram um desejo que pouquíssimos agricultores alcançavam em áreas muito pequenas. Ver, já no primeiro ano comercial de uma biotecnologia, um número tão expressivo de clientes superando essa marca é a confirmação de que estamos no caminho certo", disse Mendes.
Uma produtividade de mais de 100 sacas, a título de comparação, poderia representar algo mais próximo do dobro da média nacional estimada pela estatal Conab em 59 sacas/hectare para a safra 2022/23.
Na primeira colheita comercial da tecnologia, em 2021/22, dezenas de produtores registraram produtividade acima de 100 sacas de soja por hectare: "Foram 56 resultados acima dos três dígitos, em 41 agricultores em todas as regiões produtoras".
As produtividades médias citadas pela Bayer foram obtidas com clientes que participaram de concurso e também entre os produtores eleitos, em áreas de sequeiro e irrigadas.
A tecnologia traz para o Brasil a novidade do herbicida dicamba, que chegou a gerar queixas de produtores nos Estados Unidos sobre o impacto em outras safras próximas e não transgênicas, quando foi lançada há alguns anos.
Mas a Bayer comentou que clientes no Brasil "relataram e comprovam a eficácia do produto".
Com a Intacta2 Xtend, produtores têm a alternativa de utilizar uma soja tolerante a outro herbicida, considerando que grande parte do cultivo no Brasil tem tolerância ao glifosato --não menos polêmico, mas que não apresenta riscos, segundo a empresa, se utilizado adequadamente.
Conforme a Bayer, "não houve qualquer tipo de reclamação a respeito de manejo" relacionado ao dicamba. "E, até o momento, na safra 22/23 com o plantio já avançado... todas as aplicações do Xtendicam foram bem-sucedidas."
A tecnologia Intacta2 Xtend promete também maior proteção contra as principais lagartas da cultura da oleaginosa, como a falsa-medideira, a lagarta-da-soja.