Por Gabriel Codas
Investing.com - A decisão do Banco Central de suspender a parceria entre empresas de peso do setor de pagamentos e o WhatsApp foi motivada por potencias ricos de danos à concorrência. Na visão da entidade, o serviço de pagamentos pelo aplicativo nasceria gigante, prejudicando assim o desenvolvimento de fintechs que trabalham para enfrentar os tradicionais nomes do setor. As informações são da edição desta quinta-feira do jornal Valor Econômico.
Em um primeiro momento, o mercado viu a decisão do regulador como um obstáculo para a inovação e uma defesa para os bancos grandes. No entanto, o objetivo, segundo a reportagem, foi justamente o oposto. Isso porque seria a associação de uma “big tech” com agentes de mercado que já estão consolidados. Isso traria uma grande vantagem competitiva aos demais participantes.
O jornal também informa que o BC ficou incomodado pelo anúncio feito sem que tivesse sido formalmente apresentada. Assim, o regulador só soube da parceria depois de um post do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, na rede social. Segundo a fonte do Valor, o BC sabia que a Cielo (SA:CIEL3) e Visa conversavam sobre transferências instantâneas, mas não sabia que o WhatsApp estava no negócio.
Na visão do presidente da Visa no Brasil, Fernando Teles, como o acordo trata-se de um “arranjo de transferência”, e as regras bandeira para operar nesse modelo, com qualquer cliente, haviam sido aprovadas pelo regulador há cerca de um mês, o entendimento era que não seria necessário submeter a uma nova aprovação.
O jornal informa ainda que o Facebook chegou a ter reuniões com o Banco Central para tratar do assunto. Porém, como teria faltado diplomacia no lançamento custou pontos para o gigante de tecnologia.
Na visão do BC, arranjos que já nascem grandes e podem distorcer o funcionamento do mercado de varejo precisam ser analisados de forma detalhada, daí a decisão de suspender o acordo até que haja uma compreensão melhor dele.
Na noite de terça-feira, o BC suspendeu o serviço de pagamentos por meio do aplicativo de, lançado na semana passada. O acordo se apoiava na infraestrutura de cartões e envolvia a credenciadora Cielo, as bandeiras Visa e Mastercard e os emissores Banco do Brasil (SA:BBAS3) (BB), Nubank e Sicredi.
As ações se beneficiaram após a notícia do acordo na semana passada, acumulando alta de 35,39% no período. No entanto, a suspensão do acordo derrubou os papéis da adquirente em 12,96% ontem, se recuperando na sessão de hoje com alta de 4,26% a R$ 4,90, terceiro maior ganho do dia no Ibovespa.
Recompra de ações
Os ganhos dos papéis da Cielo nesta quinta-feira refletem a aprovação pelo Conselho da adquirente da abertura de um novo programa para recompra de um total de 2.595.332 ações ordinárias, com prazo de vigência entre os dias 25 de junho e 3 de julho de 2020, ficando a diretoria autorizada a definir a oportunidade e a quantidade a ser adquirida.
As operações de recompra serão realizadas em bolsa, a preços de mercado, com a intermediação da Ágora Corretora de Títulos e Valores Mobiliários.
A aquisição das ações tem como objetivo fazer frente aos compromissos assumidos pela companhia no âmbito dos programas de remuneração, retenção e incentivo de seus colaboradores e administradores.
De acordo com o comunicado, os membros do colegiado entendem que a situação financeira atual da Cielo é compatível com a possível execução do Programa nas condições aprovadas e se sentem confortáveis de que a recompra de ações não prejudicará o cumprimento das obrigações assumidas com credores nem o pagamento de dividendos obrigatórios mínimos.
A conclusão resulta da avaliação do potencial montante financeiro a ser empregado no programa, levando-se em consideração o nível de obrigações assumidas com credores, possuindo plena capacidade de pagamento dos compromissos financeiros assumidos; e o fato de que as operações da companhia são geradoras de caixa.