O economista Marcelo Serfaty deixou o Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), informou a instituição de fomento nesta sexta-feira, 12. Serfaty era presidente do colegiado, cargo no qual será substituído por Walter Baère de Araújo Filho, atual vice-presidente, mas que é conselheiro do banco desde 2016.
Em nota, o BNDES informou que Serfaty deixou a vaga no Conselho de Administração "a pedido". "A Diretoria ressalta e agradece sua relevante contribuição para a gestão do banco e como Presidente do Conselho desde novembro de 2019, período em que liderou o processo de desenho e consolidação do novo plano estratégico do Banco, junto aos demais Conselheiros e à Diretoria Executiva", diz a nota.
A chegada de Serfaty à presidência do conselho do BNDES deu ao cargo um protagonismo nunca visto na instituição de fomento. Voz ativa na estratégia de vender participações acionárias em grandes empresas, o executivo se destacou também no planejamento das medidas para mitigar a crise provocada pela pandemia de covid-19. Após acenar com a coordenação do sindicato de bancos privados que apoiaria um pacote de crédito emergencial que poderia chegar a cerca de R$ 50 bilhões para socorrer grandes companhias, como as aéreas, a atuação do BNDES acabou sendo bem mais tímida, com foco nas empresas de menor porte.
"A (crise causada pela) covid foi um cenário de guerra", afirmou Serfaty, em abril deste ano, em rara apresentação pública sobre o BNDES, durante palestra em evento on-line promovido pelo Bradesco BBI.
Ao tratar do papel do BNDES nessa apresentação, Serfaty ressaltou que "a melhor alocação de capital" da instituição de fomento "não é aumentar a carteira".
"É aumentar a carteira alavancando a capacidade do setor privado investir mais. Nosso papel é fazer o volume de investimento explodir no Brasil", afirmou. Para o executivo, como "indutor do investimento privado", o BNDES deixa de ser o "único fornecedor de capital para o investimento privado".
Tido como "executivo intenso", com larga experiência em bancos de investimento e operações envolvendo empresas, a atuação ativa de Serfaty chamou a atenção no BNDES. Tradicionalmente, o conselho do banco sempre teve papel subordinado à diretoria. A Lei das Estatais, de 2016, deu mais atribuições aos conselhos mesmo nas empresas públicas totalmente controladas pela União, como é o caso do BNDES. As reuniões se tornaram mais frequentes, mas a atuação mais "executiva" do presidente do órgão foi tida como "incomum", como mostrou o Broadcast/Estadão, em maio de 2020.
Serfaty chegou ao conselho do BNDES por indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Os dois foram sócios no banco Pactual e na Fidúcia Asset Management. Serfaty começou a carreira na área de pesquisa do banco Bozano Simonsen, no Rio. Depois, fez parte do grupo de sócios do banco Pactual - hoje BTG Pactual (BVMF:BPAC11) - que ascendeu na segunda metade dos anos 1990, ainda na capital fluminense, substituindo o grupo original de fundadores - Luiz Cezar Fernandes, André Jakurski e o hoje ministro Guedes.
Anos depois, Serfaty também deixaria o Pactual. Em 2003, fundou a gestora Fidúcia Asset Management, também no Rio, que tocou até se juntar à G5 Partners, e na qual voltou a ser sócio de Guedes - após o hoje ministro deixar a JGP, gestora carioca na qual era sócio de Jakurski. Quando chegou ao conselho do BNDES, Serfaty era sócio da G5 Partners.