Por Rodrigo Campos
NOVA YORK (Reuters) - Os preços das ações e do petróleo caíram novamente nesta terça-feira, com os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos tocando mínima, devido à crescente preocupação com os efeitos da disseminação do coronavírus na economia global.
As perdas ocorreram após os maiores recuos de ações em mais de dois anos na segunda-feira e aceleraram depois que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) disseram que os americanos deveriam começar a se preparar para a disseminação do vírus.
O iene japonês se fortaleceu em relação ao dólar pela terceira sessão consecutiva, como sinal de que os comerciantes estão em busca de ativos relativamente mais seguros.
O vírus parecido com o da gripe já infectou mais de 80.000 pessoas, 10 vezes mais casos do que a epidemia de SARS em 2003. Vários países europeus estavam lidando com suas primeiras infecções, alimentando preocupações com uma pandemia.
A Organização Mundial da Saúde, no entanto, disse que a epidemia na China, onde começou em dezembro, atingiu o pico entre 23 de janeiro e 2 de fevereiro e está em declínio desde então.
Em Wall Street, onde as ações tiveram a maior queda em dois anos na segunda-feira, o S&P 500 registrou sua maior queda consecutiva desde agosto de 2015.
"Pela primeira vez em algum tempo, nós finalmente estamos acordando para o fato de que esse problema pode continuar por um período e ter um impacto significativo no crescimento econômico chinês e global e potencialmente nos Estados Unidos", disse Randy Frederick, vice-presidente de negociação e derivativos para Charles Schwab em Austin, Texas.
"Quando as pessoas reagem a isso porque não viajam, não vão a restaurantes ou fazem compras, isso terá um impacto imediato na economia. Depende de quanto tempo dura e quão amplo é o contágio", acrescentou ele, aconselhando que investidores aguardem pelo menos dois dias de alta antes de comprar ações novamente.
O índice Dow Jones caiu 3,15%, a 27.081 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 3,028002%, a 3.128 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 2,77%, a 8.966 pontos.
O europeu STOXX 600 recuou 1,76% e o índice MSCI que serve de referência para as ações ao redor do globo caiu 2,31%.
O MSCI para a região Ásia-Pacífico excluindo o Japão fechou com variação positiva de 0,14%, enquanto o japonês Nikkei (NKc1) perdeu 0,34%.
APOSTA EM CORTES DE JUROS
Os riscos são tais que os mercados de títulos estão apostando que os bancos centrais terão que vir ajudar com novos estímulos.
Os Fed Funds futuros subiram nos últimos dias para embutir uma chance de 50% de um corte de 0,25 ponto na taxa de juros no início de abril. No total, precificam mais de 0,50 ponto em reduções até o final do ano.
A indicação de queda nas taxas dos EUA atingiu o dólar contra uma cesta de moedas.
"O potencial de queda econômica a partir do vírus nas costas dos EUA esfriou o rali do dólar... derrubando os rendimentos do Tesouro para mínimas de vários anos", disse Joe Manimbo, analista de mercado sênior da Western Union Business Solutions.
O dólar caiu 0,361%, enquanto o euro teve alta de 0,27%, para 1,0881 dólar.
O iene subiu 0,54% em relação ao dólar, para 110,15 por dólar.
A libra esterlina foi negociada pela última vez a 1,3002 dólar, alta de 0,58% no dia.
O número de mortes e casos por coronavírus subiu Itália e vários países europeus estavam lidando com suas primeiras infecções, alimentando preocupações com uma pandemia.
A corrida para os títulos arrastou os rendimentos das notas do Tesouro dos EUA a 10 anos, para uma mínima recorde de 1,307%. O índice de referência dos EUA subiu 11/32, para render 1,3421%, ante 1,377% na segunda-feira.
O bônus de 30 anos estabeleceu um novo recorde em baixa de 1,786 e subiu 17/32, para render 1,8135%.
O ouro teve lucro após atingir o pico de sete anos durante a noite e caiu 1,6%, para 1.634,59 dólares a onça.
Os preços do petróleo continuaram caindo, uma vez que as preocupações com a demanda relacionadas à expansão do vírus superaram os cortes na oferta.
O petróleo dos EUA caiu 3,11%, para 49,83 dólares por barril, enquanto o Brent ficou em 54,76 dólares, uma queda de 2,74% no dia.
(Reportagem adicional de Ritvik Carvalho e Alex Lawler em Londres e Sinéad Carew e Kate Duguid em Nova York)