Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa fechou em queda nesta sexta-feira, renovando pontuação mínima desde 2009, em meio à volatilidade no ambiente financeiro externo, com destaque para o declínio dos preços do petróleo e preocupação com o crescimento global.
O Ibovespa caiu 0,2 por cento, a 40.612 pontos --menor patamar desde 20 de março de 2009.
O volume financeiro da sessão somou 4,6 bilhões de reais.
Dados considerados saudáveis do mercado de trabalho nos Estados Unidos fortaleceram o dólar globalmente, minando a recuperação do petróleo, o que contaminou os pregões em Wall Street.
A piora do petróleo anulou o tom positivo registrado pela manhã na Bovespa, quando chegou a subir 1,3 por cento, na máxima do dia, acompanhando a trajetória das praças globais diante da trégua experimentada pelas bolsas chinesas. O índice Xangai fechou em alta de quase 2 por cento.
As incertezas ainda atreladas ao rumo da economia na China, e em particular a atitude de Pequim em relação ao iuan, contudo, mantêm as preocupações sobre o ritmo daquela economia.
Para profissionais do mercado, uma reversão do pessimismo global de curto prazo exige sinais mais consistentes de estabilização da economia mundial ou arrefecimento de ruídos pontuais.
Na primeira semana de negócios do ano, dominada pelo noticiário chinês, o Ibovespa acumulou queda de 6,3 por cento, a maior perda semanal desde dezembro de 2014.
"Há o fator específico China, mas a principal dúvida é mesmo sobre o crescimento global", disse o gestor Joaquim Kokudai, da JPP Capital.
"A forte queda do petróleo é mais uma pressão. O tempo está passando e o preço não volta", acrescentou.
O quadro doméstico tampouco oferece suporte, diante da economia deteriorada e do ainda conturbado cenário político.
DESTAQUES
=PETROBRAS fechou com as preferenciais em leve alta de 0,16 por cento, após os papéis oscilarem entre alta de 3,04 por cento e queda de 2,08 por cento, na esteira do movimento volátil dos preços do petróleo no exterior.
=VALE reverteu os ganhos e fechou com as preferenciais de classe A em baixa de 4,76 por cento, engatando o quinto pregão de baixa, a 8,20 reais, nova mínima desde setembro de 2004, devido a temores renovados com a fraqueza do minério de ferro à vista.
=ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES caiu 5,95 por cento, maior queda percentual do Ibovespa, e a KROTON (SA:KROT3) EDUCACIONAL recuou 5,61 por cento, em meio à repercussão de notícia da Folha de S.Paulo sobre auditoria da Controladoria-Geral da União mostrando que 47 por cento das pessoas estão inadimplemtes com o pagamento do financiamento estudantil Fies para o governo federal.
=TIM PARTICIPAÇÕES caiu 5,49 por cento, em meio a especulações sobre um processo de fusão e aquisição envolvendo a operadora de telecomunicações. Na véspera, fontes com conhecimento direto do assunto disseram à Reuters que a Oi iniciou conversas com TIM para uma potencial fusão. A Telecom Italia, controladora da TIM, divulgou nesta sexta-feira que não manteve contatos com a Oi sobre a ideia de unir seus ativos no Brasil.
=CSN sustentou-se entre os destaques positivos, com alta de 3,64 por cento, em dia de recuperação dos papéis do setor siderúrgico, com analistas também avaliando notícia de que a empresa recebeu dez propostas pelo terminal de contêineres no porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, segundo reportagem do jornal Valor Econômico. A operadora de serviços portuários e logísticos Wilson Sons informou nesta sexta-feira que apresentou oferta pelo terminal de contêineres que está sendo vendido pela CSN (SA:CSNA3).
=PDG REALTY, que não faz parte do Ibovespa, saltou 18,52 por cento, liderando os ganhos no índice de Small Caps da Bovespa do qual faz parte, após a construtora e incorporadora assinar memorando para vender terrenos e imóveis avaliados em 461 milhões de reais para reduzir dívida e reforçar seu caixa.