Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou com o seu principal índice em queda nesta quarta-feira, pressionado pelo cenário externo negativo, em sessão marcada pelo impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff por crime de responsabilidade.
O Ibovespa caiu 1,15 por cento, a 57.901 pontos. O volume financeiro somou 8,6 bilhões de reais. Em agosto, o índice acumulou alta de 1,03 por cento, no terceiro mês seguido de ganhos. No ano, o Ibovespa acumula alta de 33,6 por cento.
No exterior, a forte queda dos preços do petróleo em razão de dados de estoques nos Estados Unidos pressionou os pregões em Wall Street, onde agentes financeiros também aguardam números de emprego na sexta-feira.
O Ibovespa ensaiou uma recuperação após senadores condenarem Dilma Rousseff, cassando o mandato obtido em outubro de 2014, mas a manutenção dos poderes políticos da petista pesou, em razão divisões na base aliada do governo.
A unidade dos partidos que apoiam Michel Temer, que deixou a interinidade e agora foi efetivado como presidente do país, é vista como essencial para a aprovação de medidas espinhosas, particularmente relacionadas ao controle das contas publicas.
"O foco está no andamento da agenda fiscal e de investimentos do governo", afirmou o gestor Ralph Rosenberg, sócio na Perfin Investimentos, citando que o resultado da votação já era consenso no mercado.
Na visão dele, o investidor, principalmente o estrangeiro, vai querer ver a implementação de medidas por parte do governo. "Por ora estava na promessa, mas agora não tem mais desculpa."
Para os estrategistas do JPMorgan liderados por Pedro Martins, mesmo esperado, o evento deve ter um efeito positivo sobre os preços dos ativos, uma vez que a conclusão do processo elimina "unidades de risco político".
A equipe do JPMorgan também se diz otimista sobre uma melhor perspectiva para as ações, conforme o governo brasileiro trabalha com o Congresso para aprovar projetos que podem melhorar a dinâmica fiscal.
O último pregão do mês também sofreu efeito do rebalanceamento do índice global MSCI e suas subdivisões, incluindo Brasil, que passa a vigorar no fechamento desta quarta-feira, embora sem mudanças significativas.
DESTAQUES
- VALE encerrou com as preferenciais em baixa de 4,3 por cento e as ordinários com recuo de 4,02 por cento, alinhadas ao declínio de ações de mineradoras no exterior, em sessão de fraqueza dos preços de commodities. No mês, as ações preferenciais acumularam perda 3,6 por cento.
- PETROBRAS fechou com as preferenciais em queda de 1,83 por cento, após ter alcançado cotação máxima de fechamento deste junho de 2015 na véspera, pressionadas pelo recuo do petróleo. Os papéis ainda fecharam o mês com alta de mais de 8 por cento e acumulam elevação de mais de 90 por cento em 2016. Como pano de fundo, o desejo do governo de buscar concluir ainda neste ano a revisão de contrato de cessão onerosa com a estatal.
- BANCO DO BRASIL caiu 2,19 por cento, capitaneando as perdas do setor bancário no Ibovespa, em meio a um movimento de realização de lucro. A ação do BB (SA:BBAS3) acumulou alta de 11 por cento no mês. ITAÚ UNIBANCO recuou 2,05 por cento e BRADESCO cedeu 0,65 por cento.
- BRASKEM subiu 3,88 por cento, novamente em destaque na ponta positiva do Ibovespa, em meio a expectativas sobre possível venda da participação de controladores da petroquímica.
- OI, que não faz parte do Ibovespa, saltou 12,11 por cento, conforme seguem as expectativas relacionadas ao processo de recuperação judicial da operadora de telecomunicações. Também no radar esteve mais um passo no sentido da revisão da regulação do setor de telecomunicações, que pode beneficiar a empresa.