Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou em queda nesta sexta-feira, em sessão marcada por volume fraco e repercussão negativa da última pesquisa Datafolha, que reforçou um quadro incerto sobre a corrida presidencial a duas semanas da eleição.
O Ibovespa encerrou em queda de 1 por cento, a 57.788 pontos, após oscilar entre 57.513 pontos e 58.516 pontos.
Na semana, o índice acumulou alta de 1,51 por cento, reduzindo as perdas no mês a 5,71 por cento.
Ajustes ligados ao rebalancemanto do índice FTSE para América Latina e também ao S&P ajudaram a melhorar o volume no final do pregão, e o giro do dia somou 7,8 bilhões de reais.
Até as 17h05, o volume estava em 5,7 bilhões de reais, bem abaixo da média diária de setembro, de 8,7 bilhões de reais.
A perda do fôlego de Wall Street, após abertura em alta, em sessão marcada pela estreia da gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba na bolsa de Nova York, eliminou um dos suportes do pregão no Brasil.
O Ibovespa fechou a semana no mesmo patamar de um mês atrás, quando o Datafolha divulgou o primeiro levantamento incluindo Marina Silva como candidata à Presidência pelo PSB, antes mesmo do anúncio oficial pelo partido.
Os mais recentes levantamentos eleitorais têm mostrado um quadro incerto para o pleito de outubro.
Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta mostrou aumento da vantagem da presidente Dilma Rousseff (PT) sobre Marina Silva (PSB) no primeiro turno e empate técnico entre as duas candidatas no segundo turno.
Na próxima semana, estão previstos levantamentos Vox Populi e Ibope.
"Com a decolada da Marina nas primeiras pesquisas, houve uma reação exacerbada no mercado, que está se acomodando agora conforme o cenário se mostra mais equilibrado", disse o diretor da Mirae Asset Securities em São Paulo, Pablo Stipanicic Spyer.
"A questão macroeconômica também voltou um pouco para o foco nesse período, em particular a percepção de que o Federal Reserve precisará mesmo começar a subir os juros", afirmou ele, referindo-se à expectativa de aperto monetário nos Estados Unidos e consequente redução da atratividade de ativos de países emergentes como o Brasil.
O volume mais fraco de negócios na Bovespa nesta sessão também refletiu cautela de gestores cansados da volatilidade gerada pelas pesquisas eleitorais e que agora esperam uma melhor definição de tendência para voltar a se posicionar.
"O mau humor anda prevalecendo... O mercado assume um tom muito pessimista quando a notícia é ruim e não tão otimista quando notícia é boa", disse um operador de renda variável de uma corretora em São Paulo, que preferiu não ter o nome citado.
As ações das estatais Petrobras , Eletrobras e Banco do Brasil, bem como de papéis de bancos privados, recuaram nesta sessão, refletindo o resultado do Datafolha.
Análise técnica da Itaú Corretora divulgada no início do dia disse que o rumo do Ibovespa continua indefinido no curto prazo.
Outra pressão negativa veio dos papéis de Vale. O preço do minério de ferro para entrega imediata na China registrou nova mínima de cinco anos, em meio ao excesso de oferta e fraca demanda por aço no país.
No noticiário corporativo, o grupo francês de mídia Vivendi concluiu um acordo para vender seu negócio brasileiro de banda larga GVT para a espanhola Telefónica por cerca de 7,2 bilhões de euros (9,29 bilhões de dólares) em dinheiro e ações. A Telefónica planeja incorporar a GVT à Telefônica Brasil.
O rebalanceamento do índice FTSE para América Latina nesta sexta-feira incluiu a saída dos papéis ordinários do Itaú Unibanco e dos preferenciais da Klabin, e a entrada de Estácio, Qualicorp, Via Varejo e das units da Klabin e da B2W.