Investing.com - Depois de anunciar lucro de R$ 5 bilhões no terceiro trimestre, acima do esperado pelo mercado, as ações do Banco Bradesco (SA:BBDC4) operavam em queda na manhã desta quinta-feira (29) seguindo uma performance fraca do Ibovespa.
Às 12h08, os papéis BBDC4 eram negociados a R$ 20,30, em queda de 3,3%, enquanto o Ibovespa tinha leve alta de 0,02%
Vale destacar que, apesar do lucro estar cerca de 15% acima da média de estimativas dos analistas, segundo dados da Refinitiv, o número ficou 23,1% abaixo do mesmo trimestre do ano passado e houve alta nas provisões para inadimplência, gerada pela pandemia de Covid-19.
Para a Mirae Asset, a lucratividade do banco surpreendeu nos resultados, superando as expectativas do mercado. A corretora recomenda Compra, com preço-alvo de R$ 28,48.
O Safra, que também mantém recomendação de Compra, com preço-alvo de R$ 35, argumenta que os resultados apresentados pelo Bradesco foram melhores do que o esperado, com as menores despesas com PDD e o controle de custos mais do que compensando o desempenho fraco em NII. Como pontos fortes do banco, o Safra aponta a diversificação das receitas nos negócios de seguros; a eficiência de custos por meio de investimentos em tecnologia e sinergias com o HSBC; a forte escala operacional; a melhora na qualidade do crédito; e o crescimento da receita de serviços.
A XP considera que o lucro apresentados pelo Bradesco tem “alta qualidade” e vê com bons olhos a performance futura das ações, reiterando Compra e preço-alvo de R$ 27, apesar das possíveis menores provisões. Para a corretora, o índice de inadimplência estável, o modelo de risco indicando que provisões podem diminuir, o índice de cobertura acima de 90 dias em cerca de 400% e os sinais positivos para as operações prorrogadas são sinais da qualidade dos ativos.
Para o BTG Pactual (SA:BPAC11), ainda, os resultados demonstram que o pior já passou, ao menos em termos de provisões. O banco mantém Compra, com preço-alvo de R$ 28, apesar de preocupações estruturais de longo prazo com o setor, visto que apenas a queda nas provisões já deve elevar as projeções de lucro para os próximos trimestres.
Finalmente, o UBS-BB aponta que as tendências apresentadas pelo banco são positivas, o que reforça sua visão de que o ROAE deve subir. O banco acredita que a valuation é atrativa e reitera posição de Compra, com preço-alvo de R$ 27.
Balanço
O Bradesco reservou 5,588 bilhões de reais para créditos de liquidação duvidosa, alta de 67,5% ano a ano, mas queda de 37,1% em relação ao trimestre anterior.
Isso inclui 2,6 bilhões de reais em provisões extraordinárias ligadas a perdas potenciais decorrentes da crise do coronavírus. O banco disse que se prepara para um aumento da inadimplência em 2021.
"É um balanço com os primeiros sinais de reencontro com a normalidade, depois dos impactos da paralisação econômica com a pandemia", afirmou o presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari, no relatório.
Como o banco concedeu prazos de carência de até 180 dias para ajudar os clientes a enfrentar a crise econômica decorrente da pandemia do coronavírus, seu índice de inadimplência em 90 dias caiu 0,7 ponto percentual para 2,3%. O banco disse que concedeu carência a 73 bilhões de reais em empréstimos.
A carteira de crédito do banco cresceu 0,5% no trimestre, principalmente com maiores empréstimos ao consumidor, mesmo com o país em recessão e o desemprego no maior nível em oito anos.
O Bradesco também implementou cortes de custos, que caíram 5,7% ano a ano, embora tenham crescido na medição sequencial. O banco fechou 372 agencias no trimestre.
O retorno sobre o patrimônio líquido foi de 15,2%, recuperando-se do segundo trimestre, quando o banco decidiu constituir provisões extraordinárias para fazer frente à pandemia do coronavírus.
--Com colaboração da Reuters