Por Leandro Manzoni
Investing.com - As ações da Braskem (SA:BRKM5) são negociadas com desvalorização na primeira hora de negociação na B3, indo na contramão da alta do Ibovespa no momento da escrita. A petroquímica reportou ontem, após fechamento do mercado, segundo prejuízo trimestral consecutivo, em um cenário de “tempestade perfeita” para a companhia no período.
Por volta das 10h31, os papéis operavam em queda de 0,86% a R$ 23,20, entre as maiores perdas do Ibovespa no dia. O Ibovespa avançava 0,42% a 103.321 pontos.
O prejuízo líquido no período foi de R$ 2,5 bilhões, ante lucro de 57 milhões um ano antes. No primeiro trimestre deste ano, o prejuízo havia sido de R$ 4,06 bilhões. O resultado entre abril e junho refletiu a combinação de queda nas receitas devido à crise da Covid-19, despesas ligadas a um dano geológico em Alagoas e pressão financeira devido à alta do dólar.
Visão dos analistas
A Mirae Asset avalia que o resultado ficou acima da expectativa e que o pior momento para o papel já passou. A corretora projeta recuperação no volume de vendas da petroquímica nos próximos meses e trimestres.
Em relação aos impactos do acidente geológico em Alagoas, os analistas da Mirae afirmam que os recursos já estão na sua maior parte provisionados. No entanto, observam como fatores negativos: a abertura de um processo de investigação, pela própria Braskem, para apurar eventuais irregularidade no México; e o elevado endividamento.
A Mirae tem recomendação de compra a um preço-alvo de R$ 30,40, com potencial de valorização de 30% do papel em relação ao preço de fechamento de ontem.
Já para os analistas do UBS, o resultado fraco da petroquímica veio em linha nas estimativas da equipe. Apesar da queda do volume anual de vendas, o banco destaca o aumento trimestral devido ao menor custo de armazenagem, menor custo administrativo entre Brasil e México e preço baixo da matéria-prima no Brasil.
Além disso, os analistas do UBS destacam risco à companhia com potencial revisão do suprimento de etano do México, mas veem com bons olhos o investimento da empresa em diversificar sua estratégia de suprimento do produto.
O UBS mantém a recomendação neutra com preço-alvo em R$ 28.
Detalhes do balanço
Numa mão, o resultado financeiro foi negativo em 2,42 bilhões de reais, 164% pior do que um ano antes. A empresa tinha no fim de junho exposição líquida em moeda estrangeira no montante de US$ 2,85 bilhões.
Em outra frente, a Braskem fez provisão adicional de 1,6 bilhão de reais referente a um fenômeno de afundamento de solo em Maceió, onde a empresa tem operações.
Por último, a Braskem teve queda nas receitas em função da desaceleração econômica global desde março com a emergência da pandemia. A receita líquida da companhia no trimestre, de 11,2 bilhões de reais, foi 16% menor do que um ano antes.
O resultado operacional da petroquímica medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente somou 1,655 bilhão de reais, alta de 2% ano a ano.
A Braskem disse que abriu apuração para identificar a origem de possíveis irregularidades envolvendo unidade no México.
(Com contribuição de Reuters)