SÃO PAULO (Reuters) - A brMalls (SA:BRML3) vai defender seus acionistas de eventual conflito de interesse, caso a rival Aliansce (SA:ALSO3) Sonae promova uma estratégia de se tornar investidora ativista da empresa, afirmou o presidente da gestora de shopping centers nesta sexta-feira.
"Acredito que a administração da Aliansce é séria e isso iria contra tudo o que eles pregam de ESG", disse o presidente-executivo da brMalls, Ruy Kameyama. Ele participou de conferência de resultados com analistas, após a companhia rejeitar na véspera uma oferta melhorada de "aquisição", como classificaram os executivos da brMalls, pela Aliansce.
"Sem dúvida, vai trazer muito conflito de interesse e perda de tempo para todos...Se avançarem nesta direção, vamos tomar todas as medidas cabíveis para proteger os acionistas minoritários", disse Kameyama.
A Aliansce e sua sócia Canada Pension Plan Investment (CCP Investments) têm elevado sua fatia na brMalls, passando a cerca de 5% em fevereiro e a 7,9% na quinta-feira, segundo dados da brMalls. Em fevereiro, a empresa afirmou que poderia usar seu direito de participação acionária para convocar uma assembleia de investidores da rival.
Procurada, a Aliansce não se manifestou sobre o assunto.
Às 14h15, as ações da brMalls exibiam alta de 0,7%, enquanto o Ibovespa avançava 1,15%. A Aliansce avançavam de 3,7%.
Kameyama citou quatro fatores principais para rejeição da oferta melhorada da Aliansce, em especial a falta de previsão de pagamento de prêmio de controle pela brMalls.
Segundo o executivo, Aliansce e CPP se tornarão de fato controladores da brMalls, com cerca de 23% de participação na empresa. "Fomos informados por assessores que a intenção da Aliansce é transplantar o acordo de acionistas deles, um acordo bastante forte que regra votos em conjunto", disse o presidente da brMalls, afirmando que isso não foi divulgado na proposta feita pela rival.
"Não se trata de uma fusão e sim de uma aquisição", disse o executivo. "Por se tratar de uma aquisição, é esperado prêmio de controle para os acionistas da brMalls", disse Kameyama, adicionando que o valor calculado pela empresa seria de 48%, com base em outras transações ocorridas nos últimos anos no país.
Nas contas da brMalls, a oferta de 9,11 reais da Aliansce por ação está 20% abaixo da média dos preços-alvo calculados por analistas, de 11,32 reais. No começo de 2020, antes da pandemia, a ação da empresa era cotada acima de 19 reais.
Além da questão do prêmio, Kameyama afirmou que a proposta prevê que a companhia combinada herdará carga de dívida elevada relativa à parcela melhorada em dinheiro proposta pela Aliansce, no valor de 1,85 bilhão de reais.
"Toda a dívida referente a esses 1,8 bilhão ficará na nova empresa, ou seja, os próprios acionistas da brMalls recebem 1,8 bilhão, mas herdam quase metade dessa dívida pela participação correspondente", disse o executivo.
O executivo reafirmou que a companhia não é contra a operação, mas que não aprova seus termos e que "não está desesperada" para fechar um negócio diante das perspectivas de crescimento do grupo nos próximos três anos. Além disso, Kameyama citou que a brMalls está discutindo alternativas com outros interessados.
(Por Alberto Alerigi Jr.)