Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a compra pela Itaúsa, Cambuhy Investimentos e o fundo Brasil Warrant da fatia controladora da J&F Investimentos na fabricante de calçados Alpargatas (SA:ALPA4), segundo despacho publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira.
Em 12 de julho, a holding da família Batista firmou acordo para venda de sua participação de quase 86 por cento na Alpargatas para Cambuhy, Itaúsa e Brasil Warrant, os veículos de investimento das mais proeminentes famílias de banqueiros do Brasil, por 3,5 bilhões de reais.
Parecer divulgado no site do Cade destaca que a operação não gera preocupações concorrenciais. "A despeito da reduzida participação da Cambuhy na Cia. Hering (SA:HGTX3), as compradoras não atuam em nenhum dos mercados abrangidos pelas atividades da Alpargatas", informa o documento.
A fabricante dos chinelos Havaianas está entre os ativos que a J&F ofertou no mercado para levantar recursos para pagar dívidas e a multa recorde de 10,3 bilhões de reais prevista no acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal no fim de maio, após delações dos irmãos Batista envolvendo o presidente Michel Temer.
Na véspera, a holding, que também controla a gigante JBS (SA:JBSS3), assinou contrato com o grupo mexicano de laticínios Lala para venda da Vigor Alimentos (SA:VIGR3) em uma operação que avalia a companhia em 5,7 bilhões de reais.
A J&F ainda negocia a Eldorado Celulose, que foi alvo de uma série de investigações da Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato. A produtora de celulose despertou o interesse da maioria dos participantes do mercado e a expectativa é de que, encerrado o acordo de confidencialidade e exclusividade com a chilena Arauco, rivais como Fibria (SA:FIBR3) e Suzano Papel e Celulose (SA:SUZB5) entrem na disputa.