O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que enquanto muitas autoridades monetárias ao redor do globo estão tentando se distanciar do blockchain ou de ativos digitais, a brasileira quer fazer o oposto. "Nós estamos tentando fazer o oposto, estar perto deles", disse Campos Neto, ao discursar em evento da Valor Capital, em Nova York, na tarde desta quarta-feira.
Segundo ele, isso se justifica porque a moeda digital do Brasil, o Drex, é uma "tokenização de depósitos". Trata-se de um token emitido por um banco com base em bloqueio de um depósito.
"Uma vez que o banco veja seu depósito por meio de um token, poderá interagir com o espaço DeFi Finanças Descentralizadas de uma forma muito mais produtiva", avaliou.
Ao discursar a uma plateia de startups, em Nova York, Campos Neto reafirmou que a velocidade de crescimento do Pix, ferramenta de pagamento instantâneo, foi uma surpresa para a autarquia. Segundo ele, as pessoas estão usando o Pix na Argentina, no Uruguai.
"O que tem sido incrível é o poder de democratização que isso Pix tem, especialmente na população de baixa renda", disse o presidente do BC brasileiro.
A ferramenta também beneficia pequenos negócios, conforme ele. Campos Neto disse que o Pix permitiu a criação de mais de um milhão de novos negócios que antes não conseguiam endereçar a questão do pagamento devido aos custos do sistema.
Ele ainda destacou a posição do Brasil na questão. Segundo ele, o País é o que tem essa agenda da digitalização financeira mais "integrada", mencionando o Pix; o Open Finance, que permite o compartilhamento dos dados dos clientes entre as instituições financeiras; e o Drex, diferente de outras moedas digitais de BCs por ser, conforme disse, uma tokenização de depósitos.
"No futuro, teremos países com moedas digitais conectadas digitalmente. E muito desse debate será sobre qual moeda prevalecerá no futuro ou se queremos ter uma moeda comum", projetou Campos Neto.