SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Cemig (SA:CMIG4) vai passar a focar sua atuação nos negócios que considera prioritários e avaliará desinvestimentos de ativos, principalmente os que não fazem parte do "core business" e aqueles nos quais a empresa não possui capacidade de gestão, afirmaram executivos da companhia em teleconferência com investidores nesta quarta-feira.
Os principais objetivos da nova estratégia, que está em fase de finalização, são a redução do endividamento, neste momento, e a melhoria do retorno dos investimentos no futuro.
Atualmente, a Cemig atua em geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia, além de outros negócios como distribuição de gás natural, por meio da subsidiária Gasmig, telecomunicações (Cemig Telecom) e projetos de eficiência energética, com a controlada Efficientia.
"Isso vai gerar uma eficiência futura de resultados... a nova estratégia busca concentrar nossos esforços nas atividades núcleo... que sempre viabilizaram um grande resultado... realizando desinvestimentos em atividades que não são as principais... é importante para a desalavancagem da companhia", disse o presidente da Cemig, Mauro Borges.
A declaração foi dada após a companhia reportar queda de 73 por cento no lucro líquido do quarto trimestre de 2015, ante o mesmo período do ano anterior, em meio a um cenário de queda na demanda por energia.
Borges não especificou quais ativos poderiam ser vendidos.
O diretor de Finanças da Cemig, Fabiano Maia Pereira, por sua vez, disse que o plano de revisão do portfólio será levado para avaliação do Conselho de Administração da empresa.
"Buscaremos estar em ativos e empresas em que nós tenhamos capacidade de gestão. Essa á a principal diretriz que estamos levando para o Conselho como proposta... e a partir dos ativos que não tenham essas características, vamos trabalhar para fazer o desinvestimento necessário", disse.
A dívida líquida da Cemig fechou 2015 em 11,7 bilhões de reais, dos quais 6,3 bilhões teriam vencimento em 2016.
A alavancagem atingiu uma relação de 2,4 vezes entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
DÍVIDAS EM RENEGOCIAÇÃO
A Cemig tem trabalhado para renegociar prazos e também para reduzir custos de suas dívidas, principalmente aquelas que vencem neste ano.
A maior parte das operações mais próximas do vencimento é relacionada à Cemig-D, braço de distribuição do grupo. Segundo o diretor financeiro, havia dificuldade em renegociar os empréstimos da distribuidora devido ao final de sua concessão, que foi renovada no final de 2015 por um período de 30 anos.
"Isso está permitindo que a gente faça algum alongamento... no caso da Cemig-D, principalmente... quase que a totalidade já foi rolada. O que não for rolado aí será pago durante o ano", afirmou.
Devido ao elevado patamar dos juros atualmente, a Cemig tem negociado com os credores cláusulas que permitem uma futura recompra da dívida.
"Isso permite que, se o cenário melhorar nos próximos meses, a gente consiga recomprar, substituindo por uma dívida mais barata", disse o diretor financeiro.
Ele também afirmou que a elétrica tem negociado com seus parceiros financeiros o alongamento de um empréstimo de 1,4 bilhão de reais tomado pela empresa em 2015 para pagar o bônus de outorga de 18 hidrelétricas arrematadas em leilão.
Essas usinas, que pertenciam à Cemig, chegaram ao final do período de concessão e foram relicitadas pelo governo federal com um bônus de outorga de 2,2 bilhões de reais.
"Estamos construindo junto com nossos consultores o modelo de alongamento do 1,4 bilhão e de captação dos 800 milhões restantes, mas ainda não tem uma estruturação fechada", disse Pereira.
(Por Luciano Costa)