Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A estatal de energia Chesf, do Grupo Eletrobras (SA:ELET3), pretende colocar em operação até 15 de outubro um grupo de subestações que permitirá o acionamento de cerca de 500 megawatts em usinas eólicas que estão hoje desligadas devido à falta de conexão com o sistema elétrico, afirmou à Reuters o presidente da companhia, José Carlos de Miranda.
A Chesf tem corrido contra o tempo para compensar atrasos no cronograma dessas e outras subestações e linhas de transmissão, com muitas usinas paradas há quase três anos devido à falta de conexão.
As subestações Lagoa Nova II, no Rio Grande do Norte, Igaporã III e Pindaí II, na Bahia, já estão em testes para serem conectadas, disse Miranda.
Entre as eólicas que estão prontas e apenas aguardam a conclusão dessas unidades para iniciar a geração de energia estão usinas dos grupos espanhóis Gestamp e Iberbrola, esta última em parceria com a brasileira Neoenergia.
"Sem dúvida, a entrada dessas usinas vai ajudar o sistema... neste momento, em que os reservatórios das hidrelétricas do Nordeste estão baixos, as eólicas têm sido muito importantes para atendimento à carga da região, e até para evitar um racionamento de energia no Nordeste", afirmou Miranda.
Parte das eólicas que poderá ser ligada com a conclusão das subestações está parada desde o início de 2013, quando estava previsto o início da produção de energia nos contratos originais.
MAIS ENTREGAS EM 2016
Outros empreendimentos atrasados da Chesf, que permitirão ligar à rede mais eólicas no Nordeste, deverão ser concluídos ao longo de 2016.
Os investimentos nesses projetos da estatal previstos para este ano e 2016 somam cerca de 826 milhões de reais, segundo Miranda, enquanto os atrasos no cronograma já renderam à companhia 48 milhões de reais em multas pagas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
De acordo com o presidente, a Chesf deverá concluir até o final de janeiro de 2016 a subestação Morro do Chapéu II, na Bahia. E até o final de junho do próximo ano estariam prontas também as subestações Ibiapina II, no Ceará, e Touros e Mossoró, no Rio Grande do Norte.
"Estamos, inclusive, trabalhando junto com nossos fornecedores e contratadas para tentar antecipar todas elas... com isso a gente vai permitir a operação de todos parques eólicos. Alguns já estão prontos para operar, enquanto outros ainda estão em construção", disse Miranda.
A conclusão desse segundo lote de empreendimentos viabilizaria a conexão de usinas de empresas como a italiana Enel (MILAN:ENEI), além da francesa Voltalia, em parceria com a paranaense Copel.
"Até o final de 2016, com todas as obras que a Chesf está fazendo no Nordeste, vai se permitir a conexão de mais cerca de 3 mil megawatts em eólicas", afirmou Miranda.
Segundo ele, estariam nesse grupo, inclusive, cerca de 700 megawatts em usinas da própria Chesf, construídas em parceria com investidores privados.
Miranda atribui os atrasos nos empreendimentos de transmissão, que deveriam ter sido entregues entre 2013 e 2014, a uma demora maior que o esperado na liberação por órgãos ambientais e de preservação histórica, como Ibama e Iphan, e a própria dificuldade da Chesf em tocar muitas obras em paralelo.
"Agora todas licenças estão obtidas... as empresas de construção e montagem estão com os cronogramas acertados... estamos bastante seguros de que cumpriremos com essas datas", disse Miranda.
(Edição de Roberto Samora)