Por Brenda Goh e Martin Quin Pollard
XANGAI/PEQUIM (Reuters) - Pessoas na cidade chinesa de Guangzhou entraram em confronto com a tropa de choque na noite de terça-feira, enquanto autoridades investigavam mais pessoas que participaram de uma série de protestos contra as restrições da Covid-19 mais duras do mundo.
As manifestações, que aumentaram no fim de semana à medida que se espalharam para Xangai, Pequim e outros lugares, são um dos maiores atos de desafio público desde que o presidente Xi Jinping chegou ao poder em 2012.
A cidade de Guangzhou, no sul, tornou-se a mais recente a anunciar uma flexibilização das restrições nesta quarta-feira, mas, com um número recorde de casos em todo o país, parece haver pouca perspectiva de uma grande reviravolta em uma política que Xi disse estar salvando vidas e proclamou como uma de suas conquistas políticas.
Ao anunciar a suspensão de lockdowns em partes de Guangzhou, as autoridades não mencionaram os protestos, e o distrito onde ocorreu a violência de terça-feira permaneceu sob rígido controle.
Em um vídeo desses confrontos postado no Twitter, dezenas de policiais de choque vestidos com roupas de proteção brancas e segurando escudos sobre suas cabeças avançaram sobre o que pareciam ser barreiras de lockdown derrubadas enquanto objetos voavam neles.
Mais tarde, a polícia foi vista escoltando uma fileira de pessoas algemadas.
Outro vídeo mostrou pessoas jogando objetos contra a polícia, e um terceiro mostrou uma bomba de gás lacrimogêneo caindo no meio de uma pequena multidão em uma rua estreita, fazendo com que as pessoas fugissem para escapar da fumaça.
A Reuters verificou que os vídeos foram filmados no distrito de Haizhu, em Guangzhou, cenário de distúrbios relacionados à Covid há duas semanas, mas não conseguiu determinar quando as imagens foram feitas ou a sequência exata dos eventos e o que desencadeou os confrontos.
Postagens nas redes sociais disseram que os confrontos ocorreram na noite de terça-feira e foram causados por uma disputa sobre restrições de lockdown.
O governo de Guangzhou não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O China Dissent Monitor, administrado pela Freedom House, financiada pelo governo dos Estados Unidos, estimou que pelo menos 27 manifestações ocorreram em toda a China de sábado a segunda-feira. O think tank australiano ASPI estimou 43 protestos em 22 cidades.
Além da flexibilização das restrições na cidade de Guangzhou, em Zhengzhou, local de uma grande fábrica da Foxconn (TW:2354) que fabrica iPhones e que tem sido palco de agitação dos trabalhadores por causa da Covid, as autoridades anunciaram a retomada "ordenada" dos negócios, incluindo supermercados, academias e restaurantes.
No entanto, elas também publicaram uma longa lista de prédios que permaneceriam fechados.
Horas antes desses anúncios, as autoridades nacionais de saúde disseram que a China responderia às "preocupações urgentes" levantadas pelo público e que as regras da Covid deveriam ser implementadas com mais flexibilidade, de acordo com as condições da região.