Por Cate Cadell e Michael Martina
PEQUIM (Reuters) - A China convocou empresas globais de tecnologia para conversas na semana passada, após a proibição dos Estados Unidos a vendas de tecnologia à chinesa Huawei Technologies, disseram duas pessoas familiarizadas com o tema à Reuters neste domingo.
A suspensão da Huawei, maior fabricante do mundo de equipamentos para redes de telecomunicações, proíbe empresas dos EUA de fornecer à empresa muitos produtos e serviços devido ao que Washington afirma serem preocupações com segurança nacional, uma medida potencialmente danosa que rapidamente aumentou tensões comerciais entre EUA e China.
A Huawei nega que seus equipamentos representem uma ameaça à segurança.
Pouco depois, Pequim anunciou que divulgaria sua própria lista de entidades estrangeiras "não confiáveis". O país também sugeriu que irá limitar o fornecimento de terras raras aos EUA.
Uma pessoa na gigante norte-americana de softwares Microsoft (NASDAQ:MSFT) disse que o encontro da companhia com autoridades chinesas não foi um alerta direto, mas afirmou que foi deixado claro para a empresa que cumprir com as proibições dos EUA provavelmente levaria a novas complicações para todos os participantes do setor.
A companhia foi solicitada a não adotar medidas precipitadas ou infundadas antes que a situação seja compreendida inteiramente, acrescentando que o tom foi conciliatório.
A Microsoft não quis comentar.
As reuniões, lideradas pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reformas (NDRC, na sigla em inglês) da China, foram noticiadas primeiramente pelo New York Times. Segundo o jornal, grandes empresas estrangeiras de tecnologia foram alertadas a não cumprir a proibição dos EUA às vendas de tecnologia norte-americana para empresas chinesas, sob risco de poderem enfrentar "consequências terríveis".
A NRDC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário enviado pela Reuters por fax.
Não é incomum que a China convoque representantes de empresas domésticas e estrangeiras, às vezes em grupos, para expor suas visões.
Uma pessoa de uma outra companhia de tecnologia dos EUA na China que foi informada por colegas sobre a participação da empresa na reunião disse à Reuters que o tom foi "muito mais ameno" do que o esperado.
"Nenhuma menção à Huawei. Nenhum ultimato. Só pediram para permanecer no país, contribuir para uma negociação em que ambos os lados ganham", disse a pessoa, que não quis ser identificada por nome ou empresa devido à sensibilidade do tema.
"Eu acho que eles percebem que ainda precisam de tecnologias e produtos dos EUA por ora; a auto-suficiência vai levar um bom tempo, e só depois eles podem nos expulsar", disse a pessoa.
O New York Times publicou que outras companhias convocadas para reuniões na terça e quarta-feira da semana passada incluíam a fabricante de computadores dos EUA Dell Technologies, as sul-coreanas Samsung Electronics (005930.KS) e SK Hynix Inc (000660.KS), e a desenvolvedora de chips britânica ARM, que no mês passado suspendeu o fornecimento à Huawei.
Samsung e SK Hynix não quiseram comentar. A Dell não respondeu de imediato a um pedido de comentário enviado por email neste domingo, enquanto um porta-voz da ARM não pôde ser contatado imediatamente.
(Por Cate Cadell e Michael Martina em Pequim; Reportagem adicional de Ju-min Park em Seul e Stella Qiu em Pequim)