Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A chinesa Goldwind (SZ:002202)vai produzir turbinas eólicas acima de 7 megawatts (MW) de potência na Bahia, em fábrica prevista para iniciar operações em 2024 e que será a sua primeira fora da China, disse à Reuters o vice-presidente da companhia no Brasil, Roberto Veiga.
Ele não abriu valores de investimentos ou capacidade produtiva anual da unidade, mas disse que a Goldwind mira ter uma participação de 25% a 30% no mercado brasileiro de turbinas eólicas.
O grupo, vinha desde o ano passado com planos de construir uma fábrica no Brasil, agora definiu o Estado onde será implantada a unidade, assim como revelou a potência das máquinas que serão produzidas.
Enquanto não começa a produzir no país, a Goldwind tem ofertado para geradores brasileiros máquinas importadas, que têm se mostrado competitivas em relação às fabricadas nacionalmente, tendo assinado contratos de fornecimento para as geradoras renováveis também chinesas CGN e CTG, acrescentou o executivo.
Segundo Veiga, a fabricante fechou acordo com o governo da Bahia para a instalação de uma planta no Estado, mas a localização exata será anunciada somente em novembro.
A companhia trará ao Brasil a fabricação de seus modelos com tecnologia própria acima de 7 MW de potência, que prometem ser as maiores do mercado. Os aerogeradores produzidos nacionalmente hoje chegam a pouco mais de 6 MW, sendo que a catarinense WEG (BVMF:WEGE3) está trabalhando no desenvolvimento uma turbina de 7 MW, agora em parceria com a Petrobras (BVMF:PETR4).
A ideia é que a planta da Goldwind na Bahia comece a produzir aerogeradores já em 2024, mas ainda sem atender às regras de conteúdo local que habilitam os produtos para financiamento do Finame, do BNDES. A linha deve começar a atender as regras do BNDES em 2025.
Mesmo sem produção local, a companhia já tem negociado contratos com geradores, oferecendo a possibilidade de importação das máquinas.
Segundo Veiga, os produtos vindos da China têm preços competitivos e vêm atraindo o interesse das geradoras, mas a assinatura de novos contratos tem sido, no geral, dificultada pelo cenário mais desafiador para viabialização de novos projetos de geração renovável no Brasil, que já conta com uma sobreoferta de energia prevista para curto e médio prazos.
"Estamos vindo aqui para atender clientes nos próximos 15, 20 anos", disse o executivo, minimizando a desaceleração atual do mercado de geração para novos "greenfields", enquanto o país tem um dos maiores potenciais de geração eólica do mundo.
A Goldwind é uma das maiores fabricantes do mundo, tendo cerca de 50 GW de capacidade produtiva anual. Hoje, suas operações fabris estão concentradas na China, sendo a Ásia o principal mercado para seus produtos.
A chinesa entrou no Brasil há alguns anos, com um contrato de fornecimento para a CGN.
Mais recentemente, com a paralisação da fabricação nacional de aerogeradores por GE e Siemens Energy (ETR:ENR1n), importantes fornecedoras do setor eólico brasileiro, o mercado começou a notar maior competição com os produtos importados.
Na véspera, a dinamarquesa Vestas disse que está reforçando sua cadeia de fornecedores no Brasil e buscando "diferenciais" para se destacar junto aos clientes.
(Por Letícia Fucuchima)