SÃO PAULO (Reuters) - O ministro de Relações Exteriores, José Serra, afirmou nesta sexta-feira que investidores chineses querem injetar pelo menos 3 bilhões de dólares em um projeto de produção de aço a ser construído no Maranhão.
Segundo comunicado distribuído pela comitiva do ministro, que participa da viagem do presidente Michel Temer à China, o investimento irá para "projetos siderúrgicos em Bacabeira (MA) ... e na primeira fase de operação deverá produzir 3 milhões de toneladas de aço".
O ministério, porém, não informou estimativas para o cronograma do projeto ou que tipo de produto será produzido.
O empreendimento, segundo o ministério, será tocado pela China Brazil Xinnenghuan International Investment. Não foi possível obter contato com o grupo no Brasil.
Procurados, representantes do ministério não puderam dar mais detalhes sobre o projeto, e o governo do Maranhão não pode comentar o assunto de imediato. No comunicado, o ministério afirmou que o projeto siderúrgico em Bacabeira já foi assinado pelo governo do Maranhão.
O setor siderúrgico brasileiro vive um quadro de excesso de capacidade, em meio à forte queda na demanda interna gerada pela recessão, que derrubou o consumo de veículos, máquinas e equipamentos e no setor de construção civil.
Segundo o Instituto Aço Brasil (IABr), que representa os maiores produtores da liga no país, utilização da capacidade instalada do setor atingiu em julho o menor nível da série histórica, cerca de 77 por cento. O setor acumula queda de 12 por cento na produção de janeiro a julho, enquanto as vendas têm baixa de 14 por cento.
Se confirmado o investimento em Bacabeira, a usina iria iniciar atividade após a abertura neste ano da Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará. O projeto de 3 milhões de toneladas e iniciado em 2007, contou com investimento de 5,4 bilhões de dólares e tem a mineradora Vale (SA:VALE5) como um dos principais acionistas ao lado das sul-coreanas Dongkuk e Posco.
Em 2015, uma comitiva empresarial da China visitou o Maranhão interessada em investimentos na área de siderurgia. Segundo nota da época do governo estadual, os investidores tinham interesse no programa de incentivo maranhense que prevê isenção fiscal de até 85 por cento nos impostos estaduais por até 15 anos.
(Por Alberto Alerigi Jr.)